Wednesday, April 30, 2008

Bach



Ouço Bach. E percebo o que é que Goethe quis dizer com isto: "entretiens de Dieu avec lui-même, juste avant la Création."
(Vídeo: "Toccata e Fuga BWV 565", por Karl Richter)

Tuesday, April 29, 2008

Um vídeo a não perder

Acaba de ser lançado o programa "Grandes Oportunidades" para garantir a certificação da população portuguesa.
Obrigatório espreitar
!http://videos.sapo.pt/9diMHEOSHnkLa1ztrDBg

Monday, April 28, 2008

A Nova Língua Portuguesa


( recebido por email )
Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos 'afro-americanos', com vista a acabar com as raças por via gramatical - isto tem sido um fartote pegado!
As criadas dos anos 70 passaram a 'empregadas domésticas' e preparam-se agora para receber menção de 'auxiliares de apoio doméstico' .
De igual modo, extinguiram-se nas escolas os 'contínuos 'passaram todos a 'auxiliares da acção educativa'.
Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por 'delegados de informação médica'.
E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em 'técnicos de vendas'.
O aborto eufemizou-se em 'interrupção voluntária da gravidez';
Os gangs étnicos são 'grupos de jovens' Os operários fizeram-se de repente 'colaboradores';
As fábricas, essas, vistas de dentro são 'unidades produtivas'e vistas da estranja são 'centros de decisão nacionais'.
O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à 'iliteracia' galopante.
Desapareceram dos comboios as 1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes 'Conforto' e 'Turística'.
A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...» ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.
Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um 'comportamento disfuncional hiperactivo' Do mesmo modo, e para felicidade dos 'encarregados de educação' , os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, 'crianças de desenvolvimento instável'. Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado 'invisual'. (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o 'politicamente correcto' marimba-se para as regras gramaticais...)
As putas passaram a ser 'senhoras de alterne'.
Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em 'implementações', 'posturas pró-activas', 'políticas fracturantes' e outros barbarismos da linguagem.

E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.
Estamos lixados com este 'novo português'; não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma 'politicamente correcta'.

E na linha do modernismo linguístico, como se chama uma mulher que tenta destruir a educação em Portugal?
Ministra
!
( recebido por email)

Saturday, April 26, 2008

Os Jovens e a Política

O Presidente da República parece estar preocupado com o "alheamento" dos jovens pela Política.A razão é fácil de encontrar. Os jovens entendem a Política como a Arte da Mentira como a Arte da manutenção do "status quo", dos corporativismos, a Arte de preservar os tachos, de manter os esquemas de corrupção ,de tráfico de influências.
A uma grande percentagem dos jovens portugueses está reservado o destino que estava aos portugueses nas décadas de 1950, 1960, 1970:
A EMIGRAÇÃO.
Os jovens sabem isso.A "geração dos 500 euros" como disse um jovem deputado na AR, ontém dia 25 de Abril ,é a geração dos que têm de emigrar para Espanha, para o Reino Unido.Portugal está na cauda do desenvolvimento económico.Os políticos portugueses nem com as carradas de dinheiro que a União Europeia nos envia todos os dias conseguiram desenvolver o País.O dinheiro escoa-se, o nosso sistema político não leva o País a lado nenhum.Tirando o betão, as Auto-Estradas e Pontes, Portugal não avança.De que valem as Auto-Estradas se não há desenvolvimento económico?Se não há emprego, não há apoio na saúde, se as escolas encerram, se as maternidades encerram, se se assiste à vergonha - repetida em tantos casos - de pessoas que morrem por falta de assistência médica?O 25 de Abril alterou o regime político, mas os esquemas mantiveram-se. As mentalidades continuaram, os corporativismos , a inveja, as intrigas, a falta de competência, são as mesmas.Portugal não teve uma revolução. Mudaram as moscas apenas.Um País adiado. Um País de mão estendida. Um País que enfraquece a olhos vistos. Um País cuja influência no Mundo é nula.O problema é sempre o sistema mental português, a nossa estrutura cultural. Um misto de brutalidade e de piedade anacrónica..Só um choque brutal pode alterar isto. Cortar a direito doa a quem doer. Mudar isto, a bem ou a mal, mas mudar.Temos de ter uma atitude igual à dos outros Povos Europeus.Portugal tem de ter uma política mais materialista no sentido de deslocar do piedismo bacoco para uma espiritualidade também assente no gozo dos bens materiais, como o Povo Britânico, o Sueco, o Holandês, o Filandês , o Alemão e o Francês.

Baixos salários dos professores e fraco desempenho dos alunos


Relatório sobre o estado da educação nos EUA conclui que os estudantes norte-americanos têm um desempenho a meio da tabela entre as nações mais desenvolvidas do mundo, muito atrás da Finlândia, Coreia do Sul e Singapura, que ocupam os primeiros lugares. A receita da Finlândia, Coreia do Sul e Singapura está na estabilidade curricular, oportunidades frequentes de desenvolvimento profissional dos professores, programas de mentorado e altos salários dos professores. Exactamente o contrário do que se passa nos EUA. E em Portugal está-se a ir pelo mesmo caminho. As políticas educativas recentes apostam na instabilidade, baixos salários e uma avaliação de desempenho penalizadora e burocrática.Leia o resto da notícia publicada, hoje, no Christian Science Monitor.

Friday, April 25, 2008

O Estado é o nosso melhor amigo




( clique sobre a imagem para ver os felizes contemplados )

Gastos dos Governos com pareceres jurídicos e assessorias externas entre 2003 e 2006. Como se pode reparar há para todos os gostos, cores e sensibilidades.
Apesar dos dados serem, por lei, obrigatoriamente públicos, o Sol só os conseguiu obter após luta jurídica longa e uma decisão do Supremo Tribunal Administrativo. Mesmo assim houve supressão de dados, nomeadamente num caso que envolve a empresa a que pertence um protagonista público actualmente muito próximo da área do poder e que vai ter direito a gerir muitos milhões com vista para o Tejo.
Eu acho que esta publicação no dia 25 de Abril faz todo o sentido em nome da transparência das relações entre Estado e «sociedade civil», entre poder político e negócios privados e para que se percebam de forma mais clara certos posicionamentos e afinidades.

Para refletir- texto de um economista


Um texto, recente, que merece atenção. Não é frequente ver um economista produzir destes pensamentos. Talvez seja por os vermos mais ligados aos números. Mas há quem veja para além deles e não se deixe iludir.
Pela liberdade
Os desafios são universais. A resposta só pode ser universal. Não há, por isso, espaço para divisões entre os que querem a liberdade.
António Neto da Silva
Vamos continuar a viver divisões ou iremos trabalhar, juntos, para defender os direitos do homem e o primado do Direito? Iremos nós atraiçoar as gerações futuras permitindo que, devido às fragilidades que nos dividem, a civilização que herdamos se desintegre e o planeta se torne inabitável?Estamos em uma época em que há que unir e não separar; uma época de solidariedade, não de hostilidade; de cooperação, não de competição. De facto, avizinha-se um período difícil, em que teremos que voltar a lutar pelos direitos do homem, pela democracia, pela razão e pela liberdade. A humanidade, a nossa sociedade, estão mergulhadas num silêncio ensurdecedor, provocado pela manipulação dos nossos subconscientes, feita por forças que utilizam técnicas muito sofisticadas de propaganda, baseadas em estudos psicológicos e que utilizam os meios electrónicos de comunicação de massas para nos condicionarem.De facto, os cidadãos estão a perder a capacidade de utilizarem a razão para fazerem as suas escolhas. O debate das ideias está anestesiado. É por isso que somos colectivamente essenciais para a sobrevivência dos valores estruturais que formataram o século XX e que, com dificuldade, se mantêm no início deste séc. XXI. Estamos em uma encruzilhada crítica. Os desafios são universais. A resposta só pode ser universal. Não há, por isso, espaço para divisões entre os que querem a liberdade.O período de ouro que tivemos a felicidade de viver e que devemos a muitos homens e mulheres notáveis que nos precederam, está em grave risco. Identifico, como principais desafios, os seguintes:
1. O individualismo excessivo que caracteriza os dias de hoje;
2. Os fundamentalismos religiosos e os seus derivados, os terrorismos religiosos;
3. O abuso de poder dos governos nas democracias, com a justificação da necessidade de defender os cidadãos face ao terrorismo, mas que pode vir a revelar-se tão mau para as sociedades livres como aquele;
4. O desaparecimento das ideologias (e a consequente convergência para estruturas equivalentes a partidos únicos);
5. A construção, em sentido unívoco, da opinião e o adormecimento consequente das consciências;
6. A globalização competitiva com a ideologia dominante da eficiência e da competitividade;
7. O esgotamento dos recursos naturais que sustentam a vida humana no planeta.Não esgotei os factores que tendem a destruir a liberdade.
Mas são estes os principais.Vivemos numa época de perplexidade. Queixamo-nos sistematicamente da desagregação das famílias, da insegurança nas ruas e nas casas, do desrespeito pelas instituições, pelas pessoas, da falta à verdade de governos e de governados, dos escândalos envolvendo os mais altos dignitários das nações, uns baseados em verdade, outros inventados e manipulados pelos media, que destroem homens e as suas famílias, por mais honrados que sejam, para abrir caminho a outros ávidos de poder e sem escrúpulos. A opinião pública ri-se quando se fala de valores fundamentais como honestidade, caridade, dimensão de estado, da simples noção de servir os países, o mundo ou os semelhantes. Ri-se por não considerar possível haver verdade nessas intenções ou desinteresse na sua prática.A noção de construção de um futuro comum parece ter-se desintegrado.A razão fundamental para este estado de coisas advém do facto de a última década do séc. XX e a entrada no séc. XXI se caracterizarem pelo triunfo do individualismo. É este individualismo que está a levar a sociedade para um caminho de perplexidade.Hoje, o que quer que desejemos, o mercado fornece. A nossa vida é marcada por algo que nos está subjacente e que a publicidade permanentemente nos inculca: “tenha tudo sempre de acordo com o seu desejo”. Em consequência, a sociedade ocidental está hoje fragmentada em milhões de indivíduos.O sentido de grupo ou de comunidade perdeu-se. Não pensamos em “nós” mas em “mim”. O “eu” é soberano. O interesse do grupo, do país, do Estado ou do planeta estão literalmente marginalizados na nossa postura. É preciso mudar e, por isso, tratarei do individualismo destrutivo, de forma mais aprofundada, no próximo artigo.
António Neto da Silva, Economista

Tuesday, April 22, 2008

Os Professores são os bodes expiatórios das asneiras que os políticos têm feito

Quando a ministra diz que Portugal tem a maior taxa de chumbos da Europa, esquece-se de falar dos factores sociais e económicos que, quer queiramos quer não, nos puxam mesmo para a cauda da Europa. Basta ler os estudos de Bruto da Costa e verificar quantas famílias se encontram abaixo do limiar da pobreza; uma em cada quatro crianças encontra-se em risco e os níveis de iliteracia das famílias são acentuados. Dá-se à Escola meios para combater esta situação? Existem equipas pluridisciplinares, no terreno, efectivamente ligadas à instituição? O que conheço são projectos, experiências, técnicos em estágio, cujo trabalho meritório, não tem condições para continuar.Haverá por acaso, na Finlândia, escolas com inúmeras etnias e mais de vinte nacionalidades, como nós temos? Por favor, não digam mais asneiras e não falem do que não sabem. Vamos ao terreno. Vamos ver as condições em que a maioria das nossas crianças vive, as horas que passam sem os pais, sujeitos a horários intermináveis(nós, professores, somos uns deles), vejam a falta de qualidade dos nossos prolongamentos do 1º ciclo; o número de associações a trabalhar nos bairros e a ginástica que fazem para sobreviver. Vejam quantos pedopsiquiatras existem. Vejam e depois falem-me de insucesso e abandono como resultado do mau trabalho, de todos aqueles, que na sua escola, na sua comunidade, fazem milagres. Há professores irresponsáveis? Há sim senhor. Como em todas as profissões. Mas nenhuma profissão aguentou um barco tão mal governado, como os professores aguentaram. E porquê? Porque o Poder sabe que a grande maioria dos professores aceita muitas malfeitorias, sempre em prol dos seus alunos, em prol de um sonho. E até isso eles nos querem tirar.

Monday, April 21, 2008

fotos do campeonato nacional de jogos matemáticos em Braga




Fotos tiradas e enviadas por Professora Dina Marques da Escola Jaime Cortesão, o meu agradecimento.
Foto um - alunos e professores da Escola Básica do 1º ciclo da Sólum;
Foto dois - alunos e professores do Jardim Escola João de Deus ( número dois ) ;
Foto três- geral dos alunos de Escolas de Coimbra ( os anteriores com alunos do 2º e 3º ciclo da Eugénio de Castro e alunos da Escola Jaime Cortesão ).
Campeonatos Nacionais de jogos matemáticos em 29 de Fevereiro, em Braga .


A derrota das Maiorias

( recebido por correio electrónico )
O governo governa com a maioria e não com as manifestações da Rua, diz o Sr. Primeiro Ministro. É verdade, se o PS não tivesse a maioria, o Governo nunca teria tido a coragem de insultar os professores, nem de aprovar o novo estatuto da carreira docente, que é um insulto a quem presta tão nobre serviço à Nação. Já foi votada no Parlamente por três vezes a suspensão do novo estatuto da carreira docente e das três o PS votou contra suspensão.As maiorias só favorecem os poderosos, as classes trabalhadoras que produzem riqueza saiem sempre a perder. Assustaram o Zé Povinho com o deficit, para que fossem os mais desfavorecidos a pagá-lo. Vimos os vencimentos dos funcionários públicos congelados vários anos, o que fez com que perdessem 10% do poder de compra, mas nunca vimos apelar para que deixassem, durante algum tempo, de fazer férias nas Caraíbas, no Brasil... É fácil para quem tem vencimentos chorudos vir à Televisão pedir para que apertemos o cinto.Colegas, chegou o momento de ajustar contas com o PS. Se este partido tivesse menos de 1% do votos expressos nas últimas eleições, não teria a maioria e nunca teria tido a coragem de promover esta enorme afronta aos professores. Somos 150.000 o equivalente a 3% dos votos nacionais expressos. Se nas próximas eleições, que são dentro de um ano, todos os professores votarem em massa em todos os partidos excepto no PS, este partido nunca mais volta a ter a maioria e será a oportunidade soberana de devolver ao Sr. Sócrates as amêndoas amargas que ofereceu aos professores.Colegas, quem foi capaz de ir do Minho, Trás-os-Montes, Algarve, Madeira e Açores a Lisboa, também consegue nas próximas legislativas dirigir-se à sua assembleia de voto, e votar a derrota do PS.Em Portugal há partidos para todos os gostos quer à direita quer à esquerda do PS, é só escolher, maiorias nunca mais.Os professores para além de terem a capacidade de retirarem a maioria ao PS têm a capacidade de o derrotar, basta para isso que os professores convençam metade dos maridos ou mulheres, metade dos seus filhos maiores, metade dos seus pais e um vizinho a não votar PS, e já são mais de 500.000, foram os votos que o PS teve a mais que a oposição.Os professores estão pela primeira vez unidos, esta união é para continuar, e têm uma ferramenta poderosa ao seu alcance, a Internet, que nos põe em contacto permanente uns com os outros.Senão vejamos, esta mensagem vai ser enviada a cinco colegas. Se cada um dos colegas enviar a mais cinco dá 25. Se estes enviarem a mais cinco dá 125. Se estes enviarem a mais cinco dá 625. Se estes enviarem a mais cinco dá 3.125. Se estes enviarem a mais cinco dá 15.625. Se estes enviarem a mais cinco dá 78.125. se este enviarem a mais cinco dá 390.625, isto é, o dobro dos professores que há em Portugal. À sétima vez que esta mensagem for reenviada todos os colegas ficarão a saber a informação que ela contém.Começou oficialmente a campanha eleitoral dos professores contra o PS, com o slogan:
'VOTA À DIREITA OU À ESQUERDA! NÃO VOTES PS!'
( recebido por correio electónico )

Wednesday, April 16, 2008

Ana Drago - " o Ministério chantageia os professores"



Uma das deputadas mais activas sobre o tema" Educação" no Parlamento; M.L.R. já não tem argumentos para responder.

Tuesday, April 15, 2008

Esquerda tontinha, direita cegueta



I
É frequente que se atribuam os males do ensino à influência duma esquerda tontinha, herdeira de Rousseau, ingénua na sua concepção do ser humano, avessa à disciplina e ao esforço, relativista no plano ético e propensa a dissociar a noção de autoridade da noção de poder. Esta esquerda tontinha encara os jovens como naturalmente "bons", o que dispensa qualquer espécie de coacção no processo educativo, e naturalmente "criativos", o que lhes permite construir os seus próprios "saberes" sem necessidade, por parte do professor, de qualquer "dirigismo" na transmissão de um património intelectual ou cultural. Não reconhece qualquer diferenciação entre um aluno e outro em termos de inteligência ou talento, de modo que as discrepâncias em matéria de desempenho só se podem dever às diferentes formas de segregação social, à falta de empenho do professor ou à deficiente aplicação das técnicas pedagógicas promotoras da igualdade. Do mesmo modo que não há hierarquização de capacidades entre os alunos, também não há hierarquização entre aluno e professor, uma vez que todos os "saberes" se equivalem e nenhum deles confere autoridade especial ao seu detentor. Deste modo, não podendo o professor construir a sua autoridade sobre o seu estatuto de "mais sabedor", nem podendo baseá-la num poder de coacção delegado pelo Estado, resta-lhe apoiá-la no seu próprio carisma, natural ou adquirido - o qual, sendo decerto uma perna indispensável do tripé, tem a enorme desvantagem de ser apenas uma.
II.
Atribuir responsabilidades à esquerda tontinha é assim perfeitamente justificado, mas incide apenas sobre uma das faces da moeda. Igual responsabilidade tem uma certa direita que mergulha as suas raízes no ancestral anti-intelectualismo português e hoje vê na educação e no ensino um mero instrumento de formação profissional. Perante uma qualquer área do conhecimento a pergunta quase instintiva desta direita é "para que serve"; e não lhe ocorre que a cultura, o conhecimento, o pensamento crítico podem ser fins em si mesmos; nem que, a servirem para alguma finalidade, esta finalidade pode ser não só a economia e o trabalho, mas qualquer outra dimensão da vida. Esta direita vê na escola uma fábrica em que entram crianças e de onde saem recursos humanos - como se fosse possível prever, à data em que uma criança de seis anos entra para a escola, as competências profissionais específicas de que vai precisar passados quinze ou vinte anos. A décadas de distância, a capacidade de compor um soneto ou de ler a Ilíada no original pode ter consequências económicas mais vastas e mais ramificadas do que o domínio duma qualquer técnica profissional de banda estreita que por essa altura já estará mais do que desactualizada.A esquerda tontinha e a direita de vistas curtas e excessivamente pragmática que determinam as políticas educativas têm em comum o horror ao passado, que consideram inútil e irrelevante. Só lhes interessa o futuro, que uns e outros têm a ilusão de conhecer e do qual se consideram donos. Nem uns nem outros compreendem a absoluta impossibilidade de ensinar a uma criança o mundo em que ela há-de viver: o mais que podemos fazer, se formos realistas, dedicados e competentes, é ensinar-lhe o mundo tal como é hoje e tal como o passado o moldou. A mudança do presente para o futuro não pode ser ensinada: o que nos prepara para ela é o conhecimento crítico das mudanças que deram origem ao presente. Tão utópica é a esquerda tontinha como a direita pragmática. Uma situa-se para lá do humano, no reino da perfeição; outra para cá do humano, no reino da técnica; e deste modo ambas recusam uma educação centrada no homem e à medida do homem como a que preconizava Wilhelm von Humboldt.
A coligação esquizofrénica entre a esquerda tontinha e a direita cegueta é desconfortável para ambas as partes, mas não deixa por isso de ser uma coligação que bem ou mal vai funcionando. Opera na tecno-burocracia educativa, opera nas escolas, opera nos currículos e nos programas. Opera na profusão legislativa, onde os preâmbulos tendem a ser de esquerda e os articulados a ser de direita; e não sei se não operará também na idiossincrasia da actual ministra da educação. A metáfora de Dr. Jekyll e Mr. Hyde só não se aplica aqui porque, enquanto a personagem do romance tinha um lado nobre, as personalidades desavindas da ministra são ambas perniciosas e vis.

Sunday, April 13, 2008

Torneio Nacional de Go, em Lisboa


O Go é um jogo matemático com mais de 4000 anos. É muito famoso no Oriente e actualmente tem mais de 60 milhões de jogadores em todo o mundo. É um jogo muito complexo em tabuleiros de 19 por 19, fez parte do roteiro dos primeiros, segundos e terceiros campeonatos de jogos matemáticos, no escalão do ensino secundário, em tabuleiros mais pequenos ( sete por sete ). A sua complexidade e popularidade no Oriente é equivalente ao xadrez nas sociedades ocidentais. O torneio vai-se realizar nos dias 17 e 18 de Maio no Centro de Bridge em Lisboa, na Av. António Augusto de Aguiar, 163-4º Esq. (perto do El Corte Inglés).
Mais informações no endereço oficial da Associação Portuguesa de Go


Go - Wei Qi (na China) ou Badok (na Coreia) - é um jogo estratégico, muito popular na Ásia Oriental, em que duas pessoas posicionam pedras de cores opostas. Muitos peritos orientais consideram que este jogo é, a nível mundial, o que envolve mais estratégia, ultrapassando de longe o xadrez, em complexidade. O jogo é tão profundo que os executivos asiáticos costumam utilizá-lo como um paradigma em decisões de negócios. Generais basearam campanhas militares na sua estratégia.
Estudiosos acreditam que o tabuleiro tenha evoluído de algum utensílio utilizado para marcar datas e épocas do ano. Uma lenda, no entanto, diz que o jogo foi criado como um instrumento do imperador Yao (2337 - 2258 a.C.) para educar o seu filho Danzhu, em disciplina, concentração e equilíbrio. Outros acreditam que o jogo tenha sido criado com propósitos divinatórios, para controlo de enchentes ou para simbolizar a ordem cosmológica. O próprio filósofo Confúcio deixou-se seduzir por este jogo que, no 1º milénio a.C., se tornou o jogo principal dos Imperadores Chineses, passando a competir com as artes da caligrafia e do arranjo floral.
O Go joga-se num tabuleiro onde 19 linhas se intersectam com outras 19. Este é considerado o tabuleiro-padrão e é utilizado em jogos profissionais. Existem tabuleiros com formato 9x9, para principiantes, e com formato 13x13, para os jogadores de nível médio. Há 181 pedras pretas e 180 brancas, que vão sendo colocadas, à vez, no tabuleiro. Caso os jogadores tenham diferentes níveis de habilidade, o jogo começa com um determinado número de pedras já colocadas para o jogador menos experiente (o «handicap»), o que permite equilibrar o jogo. A partida é começada com a suposição de que o tabuleiro representa uma «terra de ninguém», livre e aberta à conquista; o propósito do jogo é, para cada jogador, ampliar tanto quanto possível o seu próprio território.

Saturday, April 12, 2008

Sindicatos e Ministério de Educação chegaram a acordo

“De acordo com um documento distribuído no final da reunião, a ficha de auto-avaliação, a assiduidade, o cumprimento do serviço distribuído e a participação em acções de formação contínua, quando obrigatória, serão os únicos critérios a ter em conta. Estes quatro parâmetros integram o regime simplificado da avaliação de desempenho a desenvolver este ano lectivo, sendo aplicados a todos os professores contratados e aos dos quadros em condições de progredir na carreira, num total de sete mil docentes. "Para efeitos de classificação, quando esta tenha lugar em 2007/08, apenas devem ser considerados os elementos previstos na alínea anterior", lê-se no documento. “
Continue a ler esta notícia no Público.

Friday, April 11, 2008

Resultados de torneios de xadrez

Resultados do torneio interno de rápidas do 3º ciclo, torneio interno de partidas rápidas do 2º ciclo e torneio distrital de xadrez Escolar do 2º ciclo, no IPH- Granja do Ulmeiro, em 9 de Abril no endereço Xadrez em Coimbra

Thursday, April 10, 2008

Ex- professor da ministra faz a crítica da personagem

Está confirmado. A ministra da educação foi professora primária, tirou a licenciatura em Sociologia, no ISCTE, como estudante trabalhadora, aos 28 anos de idade. No curriculum vitae oficial, incluído no portal do Governo, esse facto é omitido. Foi aluna de Raul Iturra. Fez tese de doutoramento com João Freire, o sociólogo a quem encomendou o estudo que esteve na base do novo ECD. O ex-professor de Maria Lurdes Rodrigues, no ISCTE, o prof. Raul Iturra, escreveu um texto muito crítico e irónico em relação à forma de agir da ministra para com os professores. Vale a pena ler e verificar como é que a mente humana é uma "coisa" complexa. Maria de Lurdes Rodrigues foi, na década de 80, uma estudante radical, fortemente influenciada pelo marxismo. Vinte anos depois mostra uma face completamente diferente: intolerante, autoritária e inflexível. Como é que se pode passar, em vinte anos, da extrema-esquerda para a defesa do liberalismo selvagem? Como é que é possível uma antiga professora primária mostrar tanto desamor e desconfiança pelos professores? Como é que uma antiga professora primária pode manifestar tanto desconhecimento sobre a complexidade do trabalho do professor? Leia aqui o texto de Raul Iturra.

Wednesday, April 09, 2008

Sócrates e a Liberdade- artigo de António Barreto


SÓCRATES E A LIBERDADE,por António Barreto in 'Publico'
EM CONSEQUÊNCIA DA REVOLUÇÃO DE 1974 , criou raízes entre nós a ideia de que qualquer forma de autoridade era fascista. Nem mais, nem menos.Um professor na escola exigia silêncio e cumprimento dos deveres?Fascista! Um engenheiro dava instruções precisas aos trabalhadores no estaleiro? Fascista! Um médico determinava procedimentos específicos no bloco operatório? Fascista! Até os pais que exerciam as suas funções educativas em casa eram tratados de fascistas.Pode parecer caricatura, mas essas tontices tiveram uma vida longa e inspiraram decisões, legislação e comportamentos públicos. Durante anos, sob a designação de diálogo democrático, a hesitação e o adiamento foram sendo cultivados, enquanto a autoridade ia sendo posta em causa. Na escola, muito especialmente, a autoridade do professor foi quase totalmente destruída. EM TRAÇO GROSSO, esta moda tinha como princípio a liberdade. Os denunciadores dos 'fascistas' faziam-no por causa da liberdade. Os demolidores da autoridade agiam em nome da liberdade. Sabemos que isso era aparência: muitos condenavam a autoridade dos outros, nunca a sua própria; ou defendiam a sua liberdade, jamais a dos outros. Mas enfim,a liberdade foi o santo e a senha da nova sociedade e das novas culturas. Como é costume com os excessos, toda a gente deixou de prestar atenção aos que, uma vez por outra, apareciam a defender a liberdade ou a denunciar formas abusivas de autoridade. A tal ponto que os candidatos a déspota começaram a sentir que era fácil atentar,aqui e ali, contra a liberdade: a capacidade de reacção da população estava no mais baixo. POR ISSO SINTO INCÓMODO em vir discutir, em 2008, a questão da liberdade. Mas a verdade é que os últimos tempos têm revelado factos e tendências já mais do que simplesmente preocupantes. As causas desta evolução estão, umas, na vida internacional, outras na Europa, mas a maior parte residem no nosso país. Foram tomadas medidas e decisões que limitam injustificadamente a liberdade dos indivíduos. A expressão de opiniões e de crenças está hoje mais limitada do que há dez anos. A vigilância do Estado sobre os cidadãos é colossal e reforça-se. A acumulação, nas mãos do Estado, de informações sobre as pessoas e a vida privada cresce e organiza-se. O registo e o exame dos telefonemas, da correspondência e da navegação na Internet são legais e ilimitados. Por causa do fisco, do controlo pessoal e das despesas com a saúde, condiciona-se a vida de toda a população e tornam-se obrigatórios padrões de comportamento individual. O CATÁLOGO É ENORME. De fora, chegam ameaças sem conta e que reduzem efectivamente as liberdades e os direitos dos indivíduos. A Al Qaeda, por exemplo, acaba de condicionar a vida de parte do continente africano, de uma organização europeia, de milhares de desportistas e de centenas de milhares de adeptos. Por causa das regulações do tráfego aéreo, as viagens de avião transformaram-se em rituais de humilhação e desconforto atentatórios da dignidade humana. Da UniãoEuropeia chegam, todos os dias, centenas de páginas de novas regulações e directivas que, sob a capa das melhores intenções do mundo, interferem com a vida privada e limitam as liberdades. Também da Europa nos veio esta extraordinária conspiração dos governos com ofim de evitar os referendos nacionais ao novo tratado da União. MAS NEM É PRECISO IR LÁ FORA. A vida portuguesa oferece exemplos todos os dias. A nova lei de controlo do tráfego telefónico permite escutar e guardar os dados técnicos (origem e destino) de todos os telefonemas durante pelo menos um ano. Os novos modelos de bilhete de identidade e de carta de condução, com acumulação de dados pessoais e registos históricos, são meios intrusivos. A vídeovigilância, sem limites de situações, de espaços e de tempo, é um claro abuso. A repressão e as represálias exercidas sobre funcionários são já publicamente conhecidas e geralmente temidas A politização dos serviços de informação e a sua dependência directa da Presidência do Conselho deMinistros revela as intenções e os apetites do Primeiro-ministro. A interdição de partidos com menos de 5.000 militantes inscritos e a necessidade de os partidos enviarem ao Estado a lista nominal dos seus membros é um acto de prepotência. A pesada mão do governo agiu naCaixa Geral de Depósitos e no Banco Comercial Português com intuitos evidentes de submeter essas empresas e de, através delas, condicionar os capitalistas, obrigando-os a gestos amistosos. A retirada dos nomes dos santos de centenas de escolas (e quem sabe se também, depois, de instituições, cidades e localidades) é um acto ridículo de fundamentalismo intolerante. As interferências do governo nos serviços de rádio e televisão, públicos ou privados, assim como na 'comunicaçãosocial' em geral, sucedem-se. A legislação sobre a segurança alimentar e a actuação da ASAE ultrapassaram todos os limites imagináveis da decência e do respeito pelas pessoas. A lei contra o tabaco está destituída de qualquer equilíbrio e reduz a liberdade. NÃO SEI SE SÓCRATES É FASCISTA. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da FunçãoPública, revisto e reforçado pelo seu governo. O Primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas TEMOS DE RECONHECER: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação?Acordo? Só se for medo...
António Barreto \ Público'

Mais uma agressão a uma Professora

Quarta-feira, 9 de Abril de 2008

Site da RTP noticia mais uma agressão a uma professora
No sítio da RTP a 09/04/2008: "Um aluno da Escola EB 2/3 Augusto Moreno de Bragança terá empurrado uma professora que caiu de costas e teve que ser assistida no hospital.A Agência Lusa revela que a professora terá chamado o aluno à atenção por alegadamente estar a ouvir música pelo telemóvel durante uma aula de substituição à hora do almoço.Depois do alegado empurrão, a professora chamou o Conselho Executivo à sala da biblioteca, onde decorria a aula.Foi então solicitada a presença da polícia, que tomou conta da ocorrência.Fonte da PSP confirmou a Agência Lusa a existência da participação feita na sequência da diligência no local do incidente. Como o jovem é menor de 16 anos "não pode ser criminalmente responsável", ou seja, acusado e julgado judicialmente.A PSP enviará a comunicação da ocorrência ao Ministério Público que encaminhará o caso para as instâncias competentes, nomeadamente o Tribunal de Menores.Os dois receberam mais tarde alta, depois de observados. O aluno foi entregue aos cuidados da mãe.
"Pode saber mais sobre o assunto, visitando o blog Profslusos.
Leia aqui o artigo de Ramiro Marques titulado "Vida, Família, Violência e escola". Se não quiser ler o artigo todo, fique-se pela leitura deste extracto: "Na verdade, o discurso oficial há muito tempo que deixou de falar destes temas, como se fosse possível educar sem a sua presença. Pior que isso: há muito que o discurso oficial procura retirar os conceitos de obediência, harmonia e amor do léxico pedagógico e da prática das nossas escolas! Talvez essa ausência explique o actual mal-estar docente e as maleitas de que sofrem as nossas escolas e as nossas famílias. Talvez o problema não seja só a falta de recursos materiais, mas sobretudo a falta de amor! Talvez o mal-estar dos professores radique no facto de se estarem a transformar em burocratas e gestores que queimam as suas energias à volta de papéis, reuniões, actas e relatórios! Talvez o desencanto de professores, alunos e famílias se deva o facto de o discurso tecnocrata ter tomado o lugar do discurso humanista e personalista! Com a tecnocracia, da esquerda e da direita, as propostas de reforma e de inovação educativa têm-se limitado, desde há muitos anos, à questão do poder escolar, da gestão, da autonomia administrativa e das parcerias com os poderes políticos e económicos, como se a educação e o bem estar das nossas crianças e jovens tivesse alguma coisa que ver com a partilha e a conquista do poder! O discurso e a prática tecnocratas esqueceram a verdadeira missão da escola e do professor: ensinar e formar as novas gerações".

Sunday, April 06, 2008

Metade da população pensa que M.L.R. deve recuar

Metade dos portugueses discorda da ministra
Mais de 70 por cento dos portugueses não tem dúvidas de que o trabalho dos professores deve ser avaliado, ainda assim, metade da população acredita que o Ministério da Educação deve recuar, para já, no sistema de avaliação de desempenho que pretende aplicar.Segundo uma sondagem CM/Aximage, 51,5 por cento dos inquiridos entende que, após a manifestação que juntou cerca de cem mil docentes em Lisboa, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues deve recuar na avaliação do desempenho.Na sua maioria, acredita que a avaliação devia avançar com critérios diferentes dos actuais (43,3%), enquanto 18,7 por cento não poupa críticas à forma como o Governo conduziu o processo. A solução apontada é, por isso, maior diálogo entre escolas, Ministério e professores. Há 8,7 por cento de inquiridos que sugere uma avaliação independente feita por uma entidade independente da tutela.
Somando à maioria dos entrevistados os que querem a avaliação já (34,3%) e os que não têm uma opinião clara sobre um eventual retrocesso, 70,3 por cento dos portugueses é favorável à existência de um sistema de avaliação que classifique o trabalho docente e que distinga o mérito.
Então não foram informados que MLR tinha perdido os professores mas ganho a opinião pública, ou o povo, ou a população, ou lá o que era?
Quanto ao resto, estamos todos de acordo: os professores devem continuar a ser avaliados. Como sempre o foram. E deverão sê-lo com um processo transparente, desenvolvido por quem tem competência para o fazer e não apenas porque foi nomeado para o fazer, que não implique resmas e resmas de papelada sem utilidade nenhuma para a eficiência do sistema educativo e muito menos para a qualidade do trabalho com os alunos.
Porque o que na 5 de Outubro e anexos parecem não perceber é que enquanto eu estou a demonstrar, sob a forma de múltiplas planificações, grelhas de observação e verificação, portefólios e outras coisinhas muito bem arrumadas em dossiers e pendisks, que sou um bom professor, provavelmente estou a perder tempo precioso que poderia usar para o ser efectivamente.
Porque tal como em muitas outras áreas da nossa vidinha, o essencial vai ser a aparência de bondade ou excelência e não a sua efectiva realidade.
O que interessa é provar que se fez e não tê-lo feito.
O desperdício de tempo e energia serão enormes, sem ganhos de eficiência, a menos que tomemos por eficiência que uma pequena proporção de docentes se cansem de tudo e comecem a dar classificações a esmo aos seus alunos para não os aborrecerem.
Têm dúvidas acerca disso?

De saída do Governo para grandes empresas privadas

Jorge Coelho é o futuro presidente executivo da Mota-Engil. Os casos de políticos profissionais que são guindados para a liderança empresarial amontoam-se: desde Ferreira do Amaral na Lusoponte a Pina Moura na Iberdrola, até à ascensão de Armando Vara ao firmamento da alta finança no caso CGD/BCP.Poderíamos supor que estas escolhas dependem de critérios de competência – não é a minha opinião. Este fenómeno reflecte um dos males do regime: são escolhidos porque são políticos influentes e não por outras eventuais qualidades.Num País em que tudo depende do Estado a boa estratégia empresarial está em saber cooptar aqueles que melhor conhecem os seus interstícios, os que vivificaram nos corredores do poder, os que sabem a quem telefonar. A dependência dos nossos empresários face ao Estado torna coerente a escolha de Jorge Coelho – no fundo, tudo isto é política.
A Mota Engil conta com Jorge Coelho e Valente de Oliveira ( dois ex- ministros) e Luis Parreirão ( ex- secretário de Estado ). Acabou o choque tecnológico, começou o choque de betão.
* Correio da Manhã, 3.IV.2008

Herbert von Karajan- Tannhäuser- Richard Wagner

Herbert von Karajan- Die Walküre




Comemorou-se ontem o centenário do nascimento do genial - eu, quando quero e gosto, também não me privo - Herbert von Karajan. Numa entrevista longínqua perguntaram a Teresa Berganza quem é que, na opinião dela, eram os maiores músicos do século XX. Berganza escolheu a Callas, Karajan e Domingo. Sim, Karajan foi, sobretudo, um músico cujas interpretações, algumas iconoclastas, permanecem únicas. Pessoalmente não era um modelo de simpatia e a "correcção" nunca lhe perdoou o "pecado" nazi. Mesmo aqui, Karajan limitou-se a seguir a reflexão do insuspeito Valéry: a vida dura pela mediania mas vale pelo excesso. De Bach a Strauss, passando por Wagner, Bruckner, Brahms ou Beethoven (de quem dirige a "7ª" no vídeo), Karajan deixou a sua "marca" indelével de extraordinário e caprichoso artista, como, aliás, lhe competia. Na ópera italiana são incontornáveis as suas versões de Verdi, Puccini ou de Donizetti, "ao vivo" ou em estúdio. Até o derradeiro "Ballo", com as inexplicáveis Florence Quivar e Josephine Barstow, constitui um monumento prodigioso de direcção orquestral com a fiel Filarmónica de Vienna. Impôs novos "talentos", forçou intérpretes a experimentar coisas que lhes arruinaram a voz (a Ricciarelli, depois da "Turandot", desapareceu vocalmente) e arrancou de outros - a "Isabel de Valois" ou a "Aida" da Freni, em Salzburgo - o melhor. Mais um da altiva estirpe que já não se fabrica.

Saturday, April 05, 2008

Travar para pensar

De autor não identificado, recebido por e-mail, merecendo reflexão, nos tempos em que se argumenta com exemplos estrangeiros.

Experimente ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio. Comprado o bilhete, dá consigo num comboio que só se diferencia dos nossos Alfa por ser menos luxuoso e dotado de menos serviços de apoio aos passageiros.A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas. Não fora conhecer a realidade económica e social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemas únicos dos superávites orçamentais seriam mesmo uns tontos.Se não os conhecesse bem, perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de riqueza. A resposta está na excelência das suas escolas, na qualidade do seu Ensino Superior, nos seus museus e escolas de arte, nas creches e jardins-de-infância em cada esquina, nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade.Percebe-se bem porque não construíram estádios de futebol desnecessários, porque não constroem aeroportos em cima de pântanos, nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais.O TGV é um transporte adequado a países de dimensão continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo. É por isso, para além da já referida pressão de certos grupos que fornecem essas tecnologias, que existe TGV em França ou Espanha (com pequenas extensões a países vizinhos). É por razões de sensatez que não o encontramos na Noruega, na Suécia, na Holanda e em muitos outros países ricos. Tirar 20 ou 30 minutos ao Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhões de euros não trará qualquer benefício à economia do País.Para além de que, dado hoje ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.Com 7,5 mil milhões de euros podem construir-se mil escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo que substituam as mais de cinco mil obsoletas e sub-dimensionadas existentes (a 2,5 milhões de euros cada uma), mais mil creches inexistentes (a 1 milhão de euros cada uma), mais mil centros de dia para os nossos idosos (a 1 milhão de euros cada um). Ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carências, como a urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária.
Cabe ao Governo reflectir.
Cabe à Oposição contrapor.
( recebido por email )

Friday, April 04, 2008

Artigo de Alice Vieira no JN


Por Alice Vieira, Escritora

Desculpem se trago hoje à baila a história da professora agredida pela aluna, numa escola do Porto, um caso de que já toda a gente falou, mas estive longe da civilização por uns dias e, diante de tudo o que agora vi e ouvi (sim, também vi o vídeo), palavra que a única coisa que acho verdadeiramente espantosa é o espanto das pessoas.

Só quem não tem entrado numa escola nestes últimos anos, só quem não contacta com gente desta idade, só quem não anda nas ruas nem nos transportes públicos, só quem nunca viu os "Morangos com açúcar", só quem tem andado completamente cego (e surdo) de todo é que pode ter ficado surpreendido.

Se isto fosse o caso isolado de uma aluna que tivesse ultrapassado todos os limites e agredido uma professora pelo mais fútil dos motivos - bem estaríamos nós! Haveria um culpado, haveria um castigo, e o caso arrumava-se.

Mas casos destes existem pelas escolas do país inteiro. (Só mesmo a sr.ª ministra - que não entra numa escola sem avisar…- é que tem coragem de afirmar que não existe violência nas escolas…)

Este caso só é mais importante do que outros porque apareceu em vídeo, e foi levado à televisão, e agora sim, agora sabemos finalmente que a violência existe!

O pior é que isto não tem apenas a ver com uma aluna, ou com uma professora, ou com uma escola, ou com um estrato social.

Isto tem a ver com qualquer coisa de muito mais profundo e muito mais assustador.

Isto tem a ver com a espécie de geração que estamos a criar.

Há anos que as nossas crianças não são educadas por pessoas. Há anos que as nossas crianças são educadas por ecrãs.

E o vidro não cria empatia. A empatia só se cria se, diante dos nossos olhos, tivermos outros olhos, se tivermos um rosto humano.

E por isso as nossas crianças crescem sem emoções, crescem frias por dentro, sem um olhar para os outros que as rodeiam.

Durante anos, foram criadas na ilusão de que tudo lhes era permitido.

Durante anos, foram criadas na ilusão de que a vida era uma longa avenida de prazer, sem regras, sem leis, e que nada, absolutamente nada, dava trabalho.

E durante anos os pais e os professores foram deixando que isto acontecesse.

A aluna que agrediu esta professora (e onde estavam as auxiliares-não-sei-de-quê, que dantes se chamavam contínuas, que não deram por aquela barulheira e nem sequer se lembraram de abrir a porta da sala para ver o que se passava?) é a mesma que empurra um velho no autocarro, ou o insulta com palavrões de carroceiro (que me perdoem os carroceiros), ou espeta um gelado na cara de uma (outra) professora, e muitas outras coisas igualmente verdadeiras que se passam todos os dias.

A escola, hoje, serve para tudo menos para estudar
A casa, hoje, serve para tudo menos para dar (as mínimas) noções de comportamento.

E eles vão continuando a viver, desumanizados, diante de um ecrã.

E nós deixamos.
In Jornal de Notícias, 30.3.2008

Sobre o último prós e contras da RTP 1

Algumas leituras:
Um Balanço Pessoal Do Prós & Contras De Ontem Com Alguma Falta De Vergonha À Mistura’, de Paulo Guinote, na Educação do meu umbigo
.‘Prós e Contras: Educação: O Fim da Autoridade?‘, de J Francisco Saraiva de Sousa, no CyberCultura e Democracia Online.
A inércia no Prós & Contras‘, por josé, na Grande Loja do Queijo Limiano.
P & C em directo (7)’, pot Tonibler, no Tonibler.
Equilíbrio e moderação’, por José Luis Sarmento, no Nas minhas leituras.
Prós & Contras - Parte 1‘, e ‘Parte 2‘, por Reitor, no Educação S.A.
Pela alta sapiência‘, pelo próprio sábio, no youtube.

Wednesday, April 02, 2008

Opinião do filósofo Fernando Savater

Embora o texto que se segue diga respeito à indisciplina nas escolas espanholas, realidade que desconheço, estou em crer que a generalidade dos professores do ensino básico e secundário português o subscreveria, considerando-o uma análise muito lúcida do actual estado do nosso ensino. Com uma agravante, não desprezável: a sobranceria e o desprezo com que a ministra nos trata deixa-nos ainda mais '...desamparados e sem apoio das famílias e da sociedade', induzindo indisciplina e desrespeito dos alunos nas aulas, e arrogância e desrespeito dos pais nos contactos que com eles mantemos.



Especialistas reunidos em Espanha
Aumento da violência nas escolas reflecte crise de autoridade familiar
Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.
Os participantes no encontro 'Família eEscola: um espaço de convivência', dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas.
'As crianças não encontram em casa a figura de autoridade', que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater.
'As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa', sublinhou.
Para Savater, os pais continuam 'a não querer assumir qualquer autoridade', preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos 'seja alegre' e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.
No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, 'são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os', acusa.
'O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar', sublinha.
Há professores que são 'vítimas nas mãos dos alunos'.

Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que 'ao pagar uma escola' deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão 'psicologicamente esgotados' e que se transformam 'em autênticas vítimas nas mãos dos alunos'.
A liberdade, afirma, 'exige uma componente de disciplina' que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade.
'A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara', afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, 'uma oportunidade e um privilégio'.
'Em algum momento das suas vidas, as
crianças vão confrontar-se com a disciplina'
, frisa Fernando Savater.
Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que 'têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos'.
'Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia', afirmou.
Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que 'mais vale dar uma palmada, no momento certo' do que permitir as situações que depois se criam.
Como alternativa à palmada, o filósofo
recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.

(recebido por correio electrónico)






Artigo de Paulo Guinote

Declaração dos noivos ao fisco

Esta postagem vem no seguimento do inquérito dirigido aos nubentes para responder num prazo máximo de 15 dias ao fisco
Algumas curiosidades:
Este governo facilita o divórcio e dificulta o casamento;
Facilita o aborto e dificulta o nascimento ( uma jovem professora não pode ter filhos pois é imediatamente prejudicada na progressão da carreira);
legisla para as famílias monoparentais, esquecendo as famílias numerosas com dificuldade;
facilita a progressão na carreira para as pessoas da cor política e dificulta a progressão na carreira às pessoas com mérito;
o governo incentiva ao individualismo, menosprezando as famílias e a solidariedade social;
( podemos analisar o rácio bastante elevado entre rendimentos de pessoas mais ricas e pessoas mais pobres );
facilita as reformas milionárias a políticos jovens com 50 anos e dificulta as reformas baixas ao cidadão comum ( 65 anos ).
*Querido Fisco *
No meu casamento, que se realizou no dia ..., estiveram presentes 120convidados: 89 adultos, 9 crianças e 2 bebés. A festa teve lugar na Quinta... do meu padrinho Luís M. que me presenteou a boda ( as cópias dos talões do talho, da mercearia e da peixaria seguem em anexo).A minha tia Alzira S., que é costureira, fez-me o vestido e não cobrou nadinha, mas gastei 60 € em tecidos, 34,5 nas rendas e bordados e 18,75 em linhas, botões e alfinetes. As meias e as ligas ficaram por 35 , conforme recibos que envio. O noivo usou o fato da Comunhão Solene com umas ligeiras alterações (a Tia Alzira não cobrou nada).O meu irmão foi o fotógrafo de serviço. Todas as fotografias foram enviadas aos convidados por e-mail, que imprimirão as que entenderem por sua conta.Não foi alugada qualquer viatura. Eu fui na Charrete do Sr. José M., que andou comigo ao colo e é como um pai para mim. O Manuel ( o noivo) foi de mota: a mota dele que ainda está a acabar de pagar, conforme se comprova com documento.As flores foram todas do jardim da minha avó Margarida e a minha prima Mariana F. que é uma moça muito prendada fez os arranjos.A animação da festa esteve a cargo do irmão e dos primos do Manuel, que têm uma banda - os 'Sempr'Abrir' que merecem ter sucesso.Não pudemos aceitar nenhum dos presentes, uma vez que não vinham acompanhados dos recibos.Os charutos cubanos que um amigo nosso nos trouxe de Cuba ficaram para nós,porque não os declararam na Alfândega, e assim não os podíamos oferecer para agora provar o seu custo.Os preservativos comprou-os o Manuel naquelas máquinas que estão longas horas ao Sol (porque é um rapaz muito introvertido), mas que não dão recibos, o que me permite escusar-me a revelar o seu número, não vás, daqui a alguns anos, lembrares-te de cobrar retroactivamente uma taxa pelas que foram dadas na lua de mel.
Maria Julieta Silva Chibo
Manuel António Sousa Chibo
recebido por correio eletrónico

Resistência Colectiva

Escolas de Coimbra ‘vetam’ avaliação
O Ministério da Educação vai tentar hoje convencer os conselhos executivos de escolas do Distrito de Coimbra a avançarem com a avaliação do desempenho dos professores, mas apenas deve ter como resposta a defesa da suspensão do processo até final do ano lectivo.
O secretário de Estado da Educação Valter Lemos vai reunir-se com os responsáveis de escolas secundárias e agrupamentos que pretendem contrariar a ausência de suporte legal para uma avaliação simplificada dos professores contratados. Para a equipa que dirige o Ministério da educação, esta será uma das últimas oportunidades para fazer passar as suas posições e levar as escolas a avançar com o processo de avaliação. Intenção que os Conselhos Executivos das escolas de Coimbra acolhem com pouco entusiasmo. “A ministra da Educação tinha deixado entender nos encontros de Viseu que ia ser adoptada uma avaliação simplificada, mas mais uma vez o secretário de Estado Jorge Pedreira voltou com a palavra atrás, o que nos leva a dizer que esta equipa que dirige o Ministério nos merece muito pouca credibilidade”, avançou ao DN João Carlos Gaspar, presidente do conselho executivo da EB 2,3 Drª Mª Alice Gouveia (Coimbra), que recorda que esta não é a primeira vez que a tutela retrocede nas suas intenções de simplificação do processo de avaliação.