( Retirado do diário económico )
É difícil encontrar alguém que goste deste orçamento. Os partidos mais à direita queriam maiores cortes na despesa pública. E os mais à esquerda, na linha populista de Francisco Louça, criticam o congelamento dos salários. Mesmo entre os socialistas, com excepção do Ministro da Finanças, ninguém parece ter gostado do resultado final.Que as opções orçamentais dos últimos anos não foram as melhores é cada vez mais evidente. Para o ano, apesar dos salários congelados e de muita despesa “desorçamentada”, o Governo só consegue emagrecer o monstro em 1%. Os cortes na despesa corrente ficam-se por uns míseros 0,3%. O problema volta a ser adiado. A este ritmo não se percebe como se vai conseguir o milagre do défice em 2013. A escalada da dívida pública continua - 85% este ano -, revelando impotência em resolver o nosso descalabro financeiro. Basta ver a reacção negativa dos mercados quando foi conhecido o orçamento. O custo da dívida pública portuguesa vai continuar a subir.Mas será que com este Governo o resultado poderia ser outro? Temos um ministro das Finanças que escondeu o défice até às eleições. E depois engoliu dois orçamentos rectificativos e um défice surpreendente de 9,3%. Um Primeiro-Ministro obcecado com a sua imagem, mais preocupado com o curto-prazo do que com os problemas de fundo. E não é apenas por ser minoritário. Esse é modus operandi de José Sócrates. Não há surpresa. E quem votou nele há 3 meses sabia disso.Grande parte dos portugueses (atrevo-me a dizer: a base eleitoral de Sócrates) não quer em apertar o cinto. Habituou-se a gastar acima das possibilidades. E a exigir tudo do Estado. O discurso público só fala de direitos, gratuidade, subsídios… esquecendo a responsabilidade individual. Desvaloriza-se o trabalho e o sacrifício pessoal. A sociedade infantilizou-se perante um estado paternalista e assistencialista. Cerca de sete milhões de portugueses dependem, directa ou indirectamente, do Estado. Pensionistas, funcionários, reformados, desempregados, etc. O nosso estado social é muito caro: com despesas de rico e receitas de pobre. Por quanto tempo mais vamos poder consumir mais do que produzimos?Por tudo isto Portugal é hoje um país bloqueado. Com a economia estagnada e o desemprego a subir, o Governo prefere empurrar com a barriga. Tornou-se parte do problema e não da solução. Enquanto a maioria dependente do Estado apoiar o “despesismo” socialista não há incentivos à mudança. Os que falam do problema são acusados de pessimismo e “bota-baixismo”, como fez Sócrates na última campanha eleitoral. E como a verdade dos números não ganha eleições vamos caminhando para o abismo. Até quando?
[Diário Económico]
Tuesday, February 02, 2010
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