Friday, October 31, 2008

Acordo entre Fenprof e movimentos independentes- manifestação no dia 8

O Público confirma a notícia. Depois de mais de 24 horas de negociações, os representantes de movimentos independentes de professores e a FENPROF (Federação Nacional de Professores) entenderam-se – não haverá duas, mas apenas “uma única e grande manifestação nacional”, no dia 8 de Novembro, a data que havia sido determinada pela Plataforma Sindical.
“Neste momento, e face à situação em que vivem os professores, a unidade é demasiado importante”, sustentou Mário Machaqueiro, coordenador da Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino, um dos três movimentos que estavam a organizar a manifestação de dia 15.
Para chegarem a acordo, explicou, os líderes dos movimentos prescindiram daquilo que antes consideravam essencial, a denúncia, por parte da Plataforma Sindical, do memorando de entendimento estabelecido com o Ministério da Educação. Em contrapartida, explicou, a Federação Nacional de Professores (que integra a plataforma) aceitou subscrever um comunicado conjunto em que se afirma os “sucessivos incumprimentos do memorando”, por parte do ministério, “o esvaziam de conteúdo”, “praticamente” (http://apede.blogspot.com).
Hoje à noite, os representantes dos movimentos independentes de defesa dos professores vão encontrar-se para determinarem que acções serão desenvolvidas no dia 15, uma data que não querem que seja “esvaziada de sentido”, disse Machaqueiro. Uma das possibilidades é a organização de manifestações regionais.
Comentário
Estão todos de parabéns: FENPROF, APEDE; PROmova e MUP. A luta contra a destruição da escola pública é demasiado importante para que o orgulho e a vaidade impeçam a realização de uma grande manifestação nacional. A luta atingiu um patamar elevado com centenas de escolas a paralisarem o processo de avaliação. A realização de uma grande manifestação nacional será um importante marco na longa luta pela revogação do decreto lei 15/2007 e do decreto regulamentar 2/2008. O caminho faz-se caminhando

MLR está a conseguir o seu objectivo, desmotivar os professores mais experientes e empurrá- los para a reforma

Na Infanta Dona Maria só há lugar para o sucesso se a avaliação parar
30.10.2008, Graça Barbosa Ribeiro no 'Público'

Primeira escola pública do ranking, a Infanta D. Maria, de Coimbra, está a ser penalizada pelo abandono dos professores mais experientes.
No Conselho Executivo (CE) da Escola Secundária Infanta Dona Maria, em Coimbra, a presidente é permanentemente interrompida por professores que assomam à porta. 'Gostei de te ouvir!', diz um, desaparecendo logo de seguida; 'Estiveste bem!', elogia outro, passado uns minutos; 'Boa, boa!', solta outra voz, de passagem. Até que, com um sorriso, Rosário Gama explica: 'Devem ter ouvido os noticiários, à hora de almoço. Disse a verdade: que com a instabilidade que aqui se vive, não será por muito tempo nos mantemos como a primeira escola pública no ranking...'A guinada na conversa é subtil. O jornalista pede um comentário ao lugar no ranking - 13º, atrás de doze escolas privadas, considerando aquelas onde se fizeram mais de 50 exames - e Rosário Gama afirma que o estabelecimento de ensino está situado num local privilegiado de Coimbra, cujos moradores, familiares dos alunos, têm um nível sociocultural acima da média e uma situação económica que lhes permite, por exemplo, pagar explicações. Nem há tempo para a segunda pergunta. A presidente do CE fá-la, ela própria: 'Mas será que só aqui é que essas condições existem?' E é igualmente rápida na resposta: 'Não, elas existem em muitos outros lados. O que temos tido em particular, aqui, é uma estabilidade extraordinária do corpo docente, que agora acabou!'. Não passou um minuto e o tema já é a avaliação. E, como consequência desta, 'a avalancha de pedidos de reforma, que', protesta Maria do Rosário Gama, 'tem transformado a escola num inferno'. Numa escola tradicionalmente conservadora, com 95 docentes, 88, ou seja, todos os que estiveram presentes na reunião geral de professores, aprovaram, na segunda-feira, um pedido de suspensão da avaliação de desempenho. Se o pedido fosse aceite, acredita Manuela Carvalho, docente de Matemática, abrandaria o ritmo das aposentações.Eduarda Saraiva, que lecciona Físico-Química e tem 36 anos de serviço, também não duvida de que 'esta avaliação' está relacionada com os pedidos de reforma. 'Querem que eu, que orientei dezenas de acções de formação de professores e escrevi livros sobre a matéria que ensino, vá, obrigada, receber, agora, formação? Ou que faça uma planificação escrita detalhada das aulas - 'dou o conteúdo tal e primeiro digo isto e depois pergunto aquilo' - como fazem, precisamente, os professores inexperientes?'. A conclusão é expressa em tom sereno: 'Não faço nada disso. E daqui a menos de um ano, quando completar os 60, peço a reforma'.O que o desânimo dos professores significa para os alunos está à vista no grupo disciplinar de Eduarda Saraiva. De nove professores vão reformar-se, em bloco, quatro, 'os velhos, os que têm vindo a sustentar os resultados que asseguram um lugar cimeiro no ranking', diz Eduarda Saraiva, explicando que, ao contrário do que é usual, desta vez não há tempo para 'passar o testemunho aos colegas mais novos'.E Físico-Química não é caso único. História ficou sem qualquer professor do quadro e há alunos sem aulas de Português há várias semanas. A presidente do CE conta os que se aposentaram este ano lectivo: sete, fora os que aguardam a data de aniversário para pedir a reforma, os que esperam por resposta e os que recorreram a atestado médico enquanto ela não vem. Talvez aquela situação explique que, entre os alunos, sejam mais os que se preocupam com a falta de professores do que os se entusiasmam com o lugar no ranking. 'Com isso já contávamos...', explicam, com um encolher de ombros. Já há quem faça fila para fazer uma denúncia, como Bárbara Janicas e Catarina Raimão, ambas com 15 anos de idade e no 10º de escolaridade que, depois de três semanas sem professora de História, estão 'atrasadíssimas na matéria'. 'Como é que o ministério permite que uma professora que se vai reformar uma semana depois do início do ano lectivo seja colocada e depois demore três semanas a substituí-la?'. Querem resposta. Terão de fazer exame a História e, se o lugar da escola no ranking não as entusiasma, a nota que daqui a dois anos terão no exame sim, preocupa-as.

Thursday, October 30, 2008

Actualização- Posições colectivas nas Escolas estão em marcha

As posições colectivas nas escolas estão em marchaJá são várias as escolas que este ano lectivo estão a avançar com moções a exigir a suspensão da avaliação. Nalguns casos, a avaliação está mesmo suspensa. Acreditamos que esta dinâmica se pode reproduzir com facilidade.Apelamos aos professores de todas as escolas que sigam estes exemplos.
Clicar no link para aceder aos textos/documentos:

Moção na Escola Secundária Avelar Brotero
Pedido de Suspensão na EB 2,3 de Lijó
Abaixo-assinado em Caminha
Moção na Escola Secundária de Vila Verde
Suspensão na Esc. Sec. Rodrigues Lobo (Leiria)
Abaixo-assinado em Agrupamento de Camarate
Moção na Escola Secundária de Arganil
Proposta no Agrupamento D. Miguel de Almeida
Proposta de Suspensão em Penamacor
Moção na Senhora da Hora
Moção/Proposta em Silves
Resistência no Agrupamento Vertical de Gueifães
Reflexão na Póvoa de Santa Iria
Tomada de Posição em Tortosendo
Abaixo-Assinado na Esc. Sec. de Albufeira
Moção no Agrupamento de Escolas de Aveiro
Moção na Esc. Sec. C/3º Ciclo de Madeira Torres
Proposta de Suspensão em Vila Nova de Santo André
Mais Duas Escolas na Luta - Viana do Castelo
Moção no Agrupamento de Escolas Pedro Santarém
Moção em Agrupamento de Escolas de Penacova
Proposta de Suspensão no Agrupamento de Escolas Nº 1 de Beja
Moção da Escola Secundária Campos Melo
Moção de Protesto no Agrupamento de Azeitão
Suspensão dos Procedimentos de Avaliação em Felgueiras
Tomada de Posição na Esc. Sec. Dom Manuel Martins (Setúbal)
Demissão na EBI de Santa Maria (Beja)
Processo de Avaliação Parado na Ferreira Dias (Cacém)
Abaixo-assinado na Esc. Sec. D. João II - Setúbal
Moção no Agrupamento de Escolas de Maceira
Suspensão da Avaliação na Augusto Gomes
Conselho Pedagógico Suspende Avaliação (Esc. Sec./3 De Barcelinhos)
Plenário em Montemor-o-Novo
Departamentos Exigem Suspensão (Esc. Sec. Monte da Caparica)
Posição de Sec./3 Rainha Santa Isabel - Estremoz
Moção - Agrupamento de Escolas D. Carlos I
Proposta de Suspensão em Resende
Mais uma Proposta de um Departamento
Proposta de um Grupo da Secundária da Amadora
Tomada de Posição na EB 23 Dr. Rui Grácio - Montelavar
Tomada de Posição da ES Camilo Castelo Branco
Moção na Esc. Sec. Augusto Castro Gomes
Conselho de Docentes Apela à Mobilização
Mais uma Moção para a Suspensão da Avaliação (Forte da Casa)
Agrupamento de escolas Clara de Resende, no PortoEscola de Montemor-o-NovoProfessores de Arraiolos exigem suspensão do processo de avaliação de desempenhoSuspensão Da Avaliação: Agrupamento Vertical Clara De Resende
Pedido de Suspensão da Avaliação (Vila Nova de Poiares)
Escola de Arraiolos suspendeu avaliação
Abaixo-assinado (Escola Secundária Dr. Júlio Martins)
Moção no Agrupamento de Escolas de Vouzela
Professores de Ourique suspendem avaliação
Professores da Escola Secundária D. João II organizam-se para exigir a suspensão do processo de avaliação
Escola Eugénio de Castro, em Coimbra
Agrupamento de Escolas de Ovar
PARAR PARA RFLECTIR
Escola Secundária da Amadora
Agrupamento de Armação de Pêra
Escola Secundária Jaime Magalhães Lima (Aveiro)
Escola Alice Gouveia (Coimbra)
Agrupamento de Escolas de Aradas (Aveiro)
Agrupamento de Ourique
Professores de Chaves
CCAD da escola secundária D. João II contesta posição do Conselho de Escolas sobre a avaliação de desempenho
MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE E DA VONTADE DOS PROFESSORES

Moção na Escola Avelar Brotero - Coimbra

Sr. Presidente da República
Sr. Primeiro-Ministro
Sr.ª Ministra da Educação
Sr. Presidente da Comissão de Educação da Assembleia da República
Sra. Directora Regional de Educação do CentroExcelências:
Os signatários, membros do Conselho Pedagógico da Escola Secundária de Avelar Brotero, empenhados em honrar a imagem e a história centenária desta instituição de ensino e cientes das suas responsabilidades como cidadãos e professores, têm-se empenhado, com muito esforço e sacrifício, por cumprir o que legalmente lhes é imposto, no âmbito do processo de avaliação docente.Assim é que, até ao presente, o Conselho Pedagógico realizou as actividades e definiu os instrumentos tendentes à efectivação de tal avaliação, em conformidade com o regime legal estabelecido.Refira-se que, já no ano lectivo anterior, se tinham apercebido, e bem, do sistema que se pretendia implementar, pois toda a legislação produzida apontava para esta conclusão. Na altura, os órgãos desta escola assumiram publicamente a sua posição. No entanto e apesar da discordância, cumpriram o estabelecido no Memorando de Entendimento, em 68 docentes contratados. A aplicação desta medida foi a primeira confirmação e reforçou a justeza das referidas discordâncias.Verificam, porém, os signatários que a complexidade e aparente inadequação à realidade escolar das exigências decorrentes do modelo de avaliação instituído por esse regime legal tornam muito difícil e penoso o trabalho dos órgãos de gestão e orientação pedagógica e conduziram, já, a um estado de grande perturbação e desgaste, físico e psicológico, da generalidade dos 256 professores da Escola.Constata-se que parâmetros, itens e descritores da ficha do PCE, inscritos nos instrumentos de registo construídos nas escolas, permitem inequivocamente concluir que é humanamente impossível diferenciar 256 professores, desta escola. Se não veja-se: para cada professor, temos de trabalhar, ao longo do ano, com mais de 20 folhas individuais repartidos por uma panóplia de cursos, como Científico – Humanísticos, Tecnológicos, Profissionais, de Educação e Formação (CEF), Recorrente modular, processo RVC e respectiva formação de curta duração e Cursos de Educação e Formação de Adultos (CEFA). Recorde-se ainda o caso de professores que simultaneamente avaliam e validam.Os signatários estão firmemente convencidos que, a manter-se tal modelo de avaliação e as exigências que impõe aos professores, seja como avaliadores seja como avaliados, estes não terão as condições indispensáveis para o cumprimento das tarefas directamente relacionadas com a função essencial da docência.Nestas circunstâncias, os signatários apelam a Vossa Excelência para que, a bem da necessária estabilização do ambiente escolar e da preservação das condições do exercício da função docente, seja suspenso o actual modelo de avaliação, até que seja encontrada alternativa adequada e compatível com o normal funcionamento da escola.

Novamente a Finlândia


Lá voltaram eles com a Finlândia... Sempre a Finlândia... Terminar com os "chumbos", claro. Coisa retrógrada, o "chumbo". Na Finlândia não há "chumbos". Pois não. Na Finlândia não há muita coisa. Por exemplo, não me consta que na Finlândia haja crianças a ter aulas em contentores liliputianos. Sim, contentores. Na Finlândia, os pais não irrompem furibundos pelas escolas adentro e não desatam ao murro e ao pontapé a tudo o que mexe. Especialmente quando o que mexe são professoras. Sim, docentes do sexo feminino - são mais fáceis de espancar.
Na Finlândia haverá uma ministra da Educação que desrespeita continuamente os próprios professores? Haverá lá, para cima do Báltico, uma ministra da Educação que troça, aos microfones da tv, da principal escola de música do país? Ou que incentiva a fraude educacional ao alardear progressos enganadores?
Esta "ideia" caíu como sopa no mel para o nosso meridional Governo. Valter Lemos, um homem para quem a realidade não conta: 'nem sequer se põe o problema de os alunos não atingirem os objectivos. Não.' Partir da 'permissa' que os alunos possam não atingir os objectivos é uma 'prespectiva' errada. Pois. Pelo contrário, deve-se é partir da 'permissa' que os alunos, esses entes mecânicos e sem espessura humana, dê por onde der, atingirão os objectivos. E se, por hipótese delirantemente fabulosa, eles, estranhamente, não atingirem os objectivos, a gente dá um jeito, ó Valter. Esta é a 'prespectiva' certa.
Na Finlândia, haverá Secretários de Estado imbecis que não saibam falar o Finlandês?
Mas o Governo não está só. Veio também logo a correr o formidável Albino Almeida, sempre presente, a enfileirar-se muito, muito apressado ao lado do Governo e, não vá este não dar pelo seu apoio, começa de imediato, ainda a poeira da sua corrida aflita não assentou, a esganiçar proclamações que sim, que sim, que concorda, que quanto mais depressa acabarmos com a praga dos "chumbos", mais depressa entraremos na senda do progresso e tal. Pois, pois. Tudo tão fácil. Como na Finlândia.
Vamos ter escolas equipadas como as finlandesas? Vamos ter números decentes de funcionários nas escolas - como na Finlândia? Vamos pagar aos nossos, como aos professores finlandeses? Vamos substituir os encarregados de educação portugueses pelos finlandeses? E os alunos também? E digam-me cá, vamos transferir toda a História finlandesa para aqui? Vamos trocar a nossa geografia, o nosso clima, pelos da Finlândia, é?
É isso? Ou querem falar a sério?

Reflexão

( de José Matias Alves do blog " Terrear")

Sempre pensei e escrevi e disse que este modelo de avaliação de desempenho era impossível. Sempre pensei e escrevi e disse que era desejável que este ano lectivo se seguisse a recomendação nº 2 do CCAP. Porque permitia às escolas e aos professores organizarem-se numa outra lógica de acção: mais sensata, mais económica, mais holística. Com, provavelmente, menos danos colaterais. Com menos falsificações. Com menos faz-de-conta. Não que se resolvesse o problema de fundo. Mas, a meu ver, atenuava-se e poderia permitir ambientes mais respiráveis até uma revisão obrigatória para o 2º ciclo avaliativo. Que vai ser inevitável.Agora, um número indeterminado de escolas e de docentes vivem na asfixia. Na maldição do tempo. Na invenção de realidades. Na fuga. Na revolta mais ou menos latente. A raiar o esgotamento e a desmotivação. Não serão todas. Mas serão, provavelmente, a maioria.E isto causa dilacerantes problemas éticos. Ameaças identitárias cujos impactos no ser e estar na profissão são muito difíceis de prever.
Ninguém está a ganhar nestes ambientes. Todos estão a perder. Os alunos, as famílias, os professores, as escolas. Em última análise, o próprio Ministério. Obviamente.Salvam-se apenas aquelas (suponho que poucas) escolas que tiveram a inteligência (e alguma ousadia) de colocar os alunos primeiro. De centrarem a acção e o tempo dos professores na tarefa de ensinar e de avaliar o resultado da sua acção profissional. De criarem dispositivos de securização.Como professor que procura ler e compreender o que (não) se passa, não posso deixar de compreender as razões e os sentimentos que vão levar os professores e educadores a Lisboa no dia 8 de Novembro (no que à avaliação de desempenho diz respeito). E de desejar que um compromisso seja possível em nome do mais importante: as pessoas e as suas aprendizagens

A experiência e a idade- por Fernando Sobral

Imagem: Print Screen do artigo de Fernando Sobral 'A experiência e a idade' (Jornal de Negócios, hoje)
"(...) Este é o resultado destrutivo da política de Maria de Lurdes Rodrigues. O Grande Salto em Frente da ministra resultará nisto: uma escola pior.(...)" (id.)

Sucesso se avaliação de desempenho burocrática parar



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in Publico de 30- 10- 08

Lista completa ( até à data de hoje ) que interromperam a burocrática avaliação de desempenho

A lista está no blog do Paulo Guinote. São mais de 80 agrupamentos e escolas. A resistência interna alastrou como fogo em dia de Verão. A cereja em cima do bolo será a grande manifestação nacional. Os professores vão encher as ruas de Lisboa. Junta a tua escola a esta lista.
A lista:
• Escola Secundária de Albufeira
• Agrupamento de Escolas de Armação de Pêra / Algarve
• Agrupamento De Escolas Do Concelho De Vila Do Bispo
• Agrupamento das Escolas de Ourique / Alentejo
• Escola B1 de Sta Maria de Beja - Demissão do Conselho Executivo e de todos os Órgãos intermédios
• Escola Secundária de Montemor-o-Novo
• Escola de Arraiolos
• Agrupamento de Escolas D. Miguel de Almeida (Abrantes)
• Escola Secundária c/ 3º ciclo Rainha Santa Isabel /Estremoz
• Agrupamento de Escolas Ribeiro Sanches de Penamacor/ Castelo Branco
• Escola Secundária c/ 3ª ciclo Manuel da Fonseca / Santiago do Cacém
• Escola Secundária Ferreira Dias / Santiago do Cacém
• EB Frei André da Veiga, Santiago do Cacém
• Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Santo André/ Santiago do Cacém
• Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Garcia Domingues (Silves)
• Agrupamento de Escolas de Maceira/ Leiria
• Agrupamento de Escolas de Marrazes/ Leiria
• Escola Secundária de Francisco Rodrigues Lobo/ Leiria
• Agrupamento de Escolas Conde de Ourém, Ourém/Leiria
• Escola Secundária Com 3º CEB Madeira Torres/ Torres Vedras
• Agrupamento Vertical Escolas de Azeitão
• Esc. Sec. Dom Manuel Martins/ Setúbal
• Escola Secundária D. João II / Setúbal
• Escola Secundária de Sebastião da Gama/ Setúbal
• Agrupamento de Escolas José maria dos Santos, Pinhal Novo/ Palmela
• Escola Secundária da Amora
• Escola secundária da Amadora, Reboleira/ Amadora
• Escola Secundária Seomara da Costa Primo/ Amadora
• Agrupamento De Escolas Nuno Álvares Pereira (Camarate)
• Agrupamento de Escolas de Forte da Casa / Lisboa
• Esc. Sec. Monte da Caparica/Lisboa
• Agrupamento de escolas Pedro de Santarém, em Lisboa
• Demissão da maioria dos professores Avaliadores n/Coordenadores, da Escola Secundária Camões/Lisboa
• Departamento de História, Filosofia e E.M:R. da Escola Secundária de Odivelas/Lisboa
• Agrupamento De Escolas De S. Julião Da Barra/ Oeiras
• Escola Secundária De Miraflores/ Oeiras
• Escola Fernando Lopes-Graça, Parede, Cascais
• Agrupamento de Escolas de Alvide/ Cascais
• Escola EB23 DR. Rui Grácio / Sintra
• Agrupamento de Escolas D. Carlos I /Sintra
• Agrupamento de Aristides de Sousa Mendes/ Póvoa de Santa Iria
• Agrupamento de Escolas de Vouzela
• Escola Secundária Campos-Melo/ Covilhã
• EB 2/3 de Tortosendo
• Escola Secundária De Arganil
• Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Poiares
• Agrupamento De Escolas António José De Almeida/Penacova
• Escola Eugénio de Castro/ Coimbra
• Escola Alice Gouveia / Coimbra
• Escola Secundária Infanta D. Maria (Coimbra) suspende avaliação
• Agrupamento de Escolas de Aradas/ Aveiro
• Escola Jaime Magalhães Lima/ Aveiro
• Escola Secundária Dr. Júlio Martins / Aveiro
• Agrupamento de escolas de Aveiro
• Agrupamento de Escolas de Ovar
• MOÇÃO NA ESC. SEC. FERREIRA DE CASTRO
• Escola Secundária Emídio Navarro/ Viseu
• E.B.2,3/Secundário de Celorico da Beira
• Agrupamento De Escolas De Castro Daire
• EB 2/3 António Fernandes De Sá/ Gervide
• Depart. de Expressões da Escola Secundária Filipa de Vilhena/ Porto
• Agrupamento Vertical Clara De Resende/Porto
• Agrupamento Vertical Da Senhora Da Hora/Porto
• Esc. Sec. Augusto Gomes/Matosinhos
• Escola Secundária Rio Tinto
• Agrup. Vertical de Eescolas DE Gueifães/ESCOLA BÁSICA 2/3 DE GUEIFÃES – MAIA
• Agrupamento D.Manuel Faria e Sousa (Felgueiras)
• Agrupamento de Escolas de Lousada Oeste
• ESCOLA SECUNDÁRIA DE VILA VERDE
• Escolas do Concelho de Chaves (9 escolas)
• Escola secundária c/ 3ª ciclo Camilo Castelo Branco / Vila Real
• Declaração da Demissão de Avaliador do Prof. José Maria Barbosa Cardoso
• Conselho Pedagógico Suspende Avaliação (Esc. Sec./3 De Barcelinhos)
• Secundária Alcaides de Faria / Barcelos
• EB, 2, 3 Frei Bartolomeu dos Mártires, em Viana do Castelo
• EB 2, 3 da Abelheira, em Viana do Castelo
• Agrupamento De Escolas Coura e Minho/ Caminha

Wednesday, October 29, 2008

Actualização- resistência à nova avaliação de desempenho burocrática

Na escola E.B.2,3/Secundário de Celorico da Beira, a maioria absoluta dos professores, oitenta em cerca de noventa já subscreveu um abaixo-assinado dirigido ao Conselho Pedagógico e ao Conselho Executivo a solicitar a suspensão do processo de avaliação. A próxima batalha será a convocação urgente do Conselho Pedagógico, já que o Conselho Executivo, não tomará posição (Vê aqui o documento)“

Na Escola Secundária de Sebastião da Gama (em Setúbal) 90% dos professores assinaram uma moção de repúdio por esta avaliação.

Agrupamento de Escolas de Marrazes (Leiria)

Agrupamento de Escolas Ribeiro Sanches de Penamacor
Consulta a lista das escolas na coluna do lado direito do blog

Movimento da Escola Pública

Maleficios da política educativa de MLR

Finalmente, a SIC começa a perceber os malefícios das medidas tomadas por MLR. A publicação dos rankings desfez todos os mitos e revelou muitas verdades que o ME queria manter escondidas.
A SIC tem vindo a dar um enorme destaque ao longo do dia ao ranking de escolas e aos efeitos negativos do estatuto do aluno.
1. No ranking da SIC, nas 30 escolas com melhores resultados, só há 8 escolas públicas.
2. Todas as escolas públicas desceram no ranking em relação ao ano passado.
3. Nenhuma escola pública do interior aparece nas 30 com melhores resultados.As políticas educativas de MLR estão em julgamento com a publicação destes rankings. Se as medidas tomadas fossem correctas, não teríamos assistido ao decréscimo de todas as escolas públicas na lista das 30 escolas com melhores resultados. No ano passado, a escola Infanta D. Maria de Coimbra ficou entre as 10 primeiras (4º lugar). Este ano recuou para 14º. As razões estão à vista. A responsável por este descalabro tem nome: chama-se Maria de Lurdes Rodrigues. É ela que está a ser julgada bem como a sua política. O descalabro desta política e das medidas insensatas da ministra da educação tem de ter consequências. A demissão de MLR, VL e JP impõe-se. Uma nova política educativa exige-se. Uma política que valorize e dê autoridade aos professores, que os liberte da papelada e das grelhas e que lhes dê tempo para ensinar! O país pode perder-se se esta política educativa continuar. Urge que se crie um movimento nacional para salvar a escola pública, que junte professores, alunos e pais responsáveis. Antes que seja tarde demais!
A SIC pela voz do jornalista José Manuel Mestre ensaiou uma explicação para o decréscimo de todas as escolas públicas no ranking:
1. excesso de burocracia imposta às escolas públicas por efeito do novo modelo de avaliação de desempenho.
2. redução da motivação dos professores por efeito do agravamento das condições e horários de trabalho dos professores.
3. Ataque público aos melhores professores, obrigando muitos à reforma antecipada.
4. Defesa do facilitismo e das progressões automáticas por parte do ME.
Quanto ao novo estatuto do aluno, a SIC te vindo a passar algumas reportagens que expressam a enorme injustiça que ele introduz:
1. Crianças e jovens com tratamentos hospitalares prolongados, obrigados a faltar às aulas, recebem o mesmo tratamento que os alunos que não justificam as faltas.
2. Só os alunos que têm o estatuto de alta competição desportiva têm as faltas automaticamente justificadas e beneficiam de um regime à parte.
Os pais dos alunos que têm de receber tratamentos hospitalares, alguns no IPO, sentem-se ultrajados com o novo Estatuto do Aluno. Obrigar essas crianças e adolescentes a fazerem provas de recuperação e a serem colocadas na mesma posição dos alunos absentistas constitui um factor adicional de stresse e ansiedade.
Leia os outros posts sobre os rankings:
1. Ranking DN: as 10 piores
2. Ranking DN: as 10 melhores

As piores escolas públicas do país

São todas públicas. Nas dez "piores" não há uma única privada. São quase todas escolas do interior deprimido. Escolas que servem populações muito pobres. Sem querer ser exaustivo e sem querer revelar os nomes das escolas (porque os professores que nelas dão o seu melhor me merecem respeito), refiro apenas que são escolas situadas em concelhos muito pobres como Nisa, Pampilhosa da Serra, Alter do Chão ou Mesão Frio. Mais uma vez fica provado que é o estatuto social, cultural e económico dos alunos que condiciona primordialmente os resultados escolares.
Uma escola que pode seleccionar os seus alunos e que impõe um processo de selecção económica através de mensalidades elevadas não pode ser comparada com escolas públicas que aceitam todos os públicos e servem sobretudo populações que vivem em estado de pobreza económica e cultural.
Mais uma vez se prova a extrema injustiça que é condicionar a avaliação dos professores aos resultados escolares dos alunos. Querer culpabilizar os professores pelos fracos resultados das escolas é uma forma de os políticos arranjarem bodes expiatórios para as consequências desastrosas de políticas promotoras das desigualdades e da pobreza. Os culpados não são os professores; são os governantes.

Actualização- Posições colectivas nas Escolas estão em marcha

Há mais protestos a registar:
Abaixo_assinados/ Moções:
Agrupamento de Escolas D. Miguel de Almeida, de Abrantes
Agrupamento de escolas de Aveiro
Escola Secundária Emídio Navarro, de Viseu (já com mais de 100 assinaturas)Aprovação pelo Conselho Pedagógico da suspensão da aplicação do parâmetro da avaliação respeitante às notas dos alunos:
Agrupamento Vertical de Escolas de Gueifães (Maia)Confirmação no site da escola da suspensão efectiva da avaliação:
Agrupamento de Manuel de Faria e Sousa (Felgueiras)

Outras Escolas onde o protesto está a decorrer

A tragicomédia deste modelo de avaliação

( recebido por e. mail )


Olá colegas,
A confirmar-se a veracidade do relato disponibilizado em baixo, este modelo de avaliação do desempenho já não se limita a ser uma tragédia para a dignificação dos professores e a credibilidade das escolas, como se está a converter na comédia do Ministério da Educação. Se não fosse o preço físico, psicológico e moral que os docentes pagam pela imposição desta monstruosidade burocrática, estas sessões tinham o seu toque de diversão, mas, assim, são, tristemente, confrangedoras. Alguém anda a brincar com o nosso profissionalismo e a nossa dignidade. É tempo de dizer BASTA!...Isto da ADD é para levar a sério ou para brincar?!

Um e-mail que o colega colocado na Educação na Secundária de Seia me acaba de enviar...!!!!
Caros(as) Amigos(as):
Ontem esteve na secundária de Seia um dos chamados "bombeiros da avaliação" ou "INEM da avaliação". Trata-se de um elemento pertencente ao grupo dos 22 "artistas" que está vocacionado para "apagar" fogos nas escolas mais lentas e que respondeu, prontamente, ao SOS que nós (intencional e sabiamente) lançámos. Previsto apenas para avaliadores, por pressão dos mesmos, a sessão foi aberta ao "povão".O "prélio" foi um fiasco e apenas serviu para a mulher levar nas orelhas.Perante a nossa argumentação, o que foi transmitido pode ser assim resumido:- Simplifiquem; as escolas é que complicam.- Reduzam o nº de objectivos;- Juntem ou suprimam os itens das fichas;- Dêem a volta à questão dos resultados dos alunos e abandono escolar (concordou comigo quando eu sugeri que o professor, na formulação dos seus objectivos para esses campos, assumisse um qualquer compromisso/contributo a desenvolver/aplicar para melhorar, globalmente, os resultados da escola e não tivesse que fixar uma meta quantitativa individual.- Façam as coisas para a "molhada" ter bom (ela disse todos, mas quase a "comemos" e ficou algo aflita…);- Atirem a definição de objectivos para mais tarde (Novembro/ Dezembro/…);- Isto é para experimentar; sem stress…- A maior parte das fichas que para aí anda "é de loucos";- Vai chegar às escolas um guião para a definição dos objectivos.;- Informalmente, disse-me que a ministra teve que apagar uma cena de ciúmes das Equipas de apoio às escolas (antigas CAE) em relação ao tal grupo dos 22. As equipas também querem ir às escolas "evangelizar". Só que…falta-lhes formação para….
Moral da história: gastam-se mais uns cobres, os 22 dão formação às EAE e …pronto! Dentro de algum tempo teremos mais gente a chatear as escolas.
- Por último, fui ao meu "disco rígido", associei uns dados e descobri que a dita senhora pertence à escola onde lecciona a digníssima esposa do Valter Lemos – nossa amável colega - Ela confirmou e volta e meia estávamos a revisitar o passado (afinal até demos aulas na mesma escola).
Saímos amigos para sempre, com troca de e-mails e tudo…
Aqui partilho, com os meus caros amigos(as) o resultado de uma bela tarde de sexta feira que só não foi perfeita por ter faltado ao ténis.
Um abraço
( recebido por e mail )

Tuesday, October 28, 2008

O preço da nossa democracia

Partidos políticos vão receber 100 milhões de euros do Estado
Os partidos estão cada vez mais dependentes do financiamento do Estado que, desde 1994, já deu 144 milhões de euros em subvenções para a actividade corrente. Apesar disso, ninguém questiona o modelo de financiamento público.Sabia que ao votar numas eleições legislativas está a dar 3,16 euros a um partido político? É que, os partidos recebem dinheiro do Estado para financiar a sua actividade corrente, um valor que é calculado de acordo com o número de votos nas eleições legislativas. Ao todo, desde que se aprovou a lei de financiamento, em 1994, os partidos já receberem 144 milhões de euros, sem contar com as ajudas para as campanhas eleitorais. Essa é a conclusão de um estudo do professor universitário Manuel Meirinho Martins.
E atenção que isto é para funcionamento corrente, não inclui o pagamento aos eleitos nos órgãos de soberania.
É verdade que prefiro subvenções públicas transparentes a desconhecidos contributos privados, mas seria interessante pensarmos até que ponto será legítimo a estruturas que vivem do Estado, sendo a sua função apropriar-se do seu comando para agir de acordo com a sua agenda particular, apontar o dedo a quem serve o Estado como missão profissional.
Abreviando : porque devo eu receber licões de moral de quem vive à sombra do Estado, não o servindo, mas apenas servindo-se dele?

Monday, October 27, 2008

Actualização- Posições colectivas nas Escolas estão em marcha






Moção de protesto no Agrupamento de Azeitão

AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DE AZEITÃO

MOÇÃO COM VISTA À SUSPENSÃO DA APLICAÇÃO DO NOVO MODELO DE AVALIAÇÃO

EX.MA SRªPRESIDENTE DO CONSELHO PEDAGÓGICO DOAGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DE AZEITÃO
À luz de manifestações similares em outros agrupamentos do país, os professores e educadores do Agrupamento Vertical de Escolas de Azeitão, abaixo assinados, declaram o seu mais veemente protesto e desacordo perante o novo Modelo de Avaliação de Desempenho introduzido pelo Decreto Regulamentar n.º 2/2008.Não questionam a avaliação de desempenho como instrumento conducente à valorização das suas práticas docentes, com resultados positivos nas aprendizagens dos alunos e promotor do desenvolvimento profissional. Consideram que a Avaliação de Desempenho constitui assunto demasiado sério, que deve resultar de uma ampla e séria discussão, não devendo, por isso, estar sustentada em arbitrariedades, desconfiança, vazio de conteúdo, nem em números que apenas servem os propósitos de um governo que esquece alguns dos valores maiores de uma educação humanista e humanizada que se pretende. Advogam um modelo de avaliação resultante de um amplo debate nacional entre professores, seus legítimos representantes e a tutela, consistente, que motive os professores e fomente a qualidade e o prestígio da escola pública. O Modelo de Avaliação regulamentado pelo Decreto Regulamentar nº. 2/2008 não assegura a justiça, a imparcialidade e o rigor, nem valoriza, de facto, o desempenho dos docentes.Os critérios que nortearam o primeiro Concurso de Acesso a Professor Titular geraram uma divisão artificial e gratuita entre “professores titulares” e “professores”, valorizando apenas a ocupação de cargos nos últimos sete anos, independentemente de qualquer avaliação da sua competência pedagógica, científica ou técnica e certificação da mesma. À luz deste processo ficaram de fora muitos professores com currículos altamente qualificados, com anos de trabalho dedicado ao serviço da educação e com investimento na sua formação pessoal, gerando nas escolas enormes injustiças. Semeia-se terreno para, no nosso quotidiano escolar, se desencadearem situações paradoxais como por exemplo os avaliadores possuírem formação científico-pedagógica e académica inferior aos avaliados.Este modelo de avaliação desvia as funções dos professores para tarefas burocráticas de elaboração e reformulação de documentos legais necessários à sua implementação em detrimento das funções pedagógicas.Não pode haver ensino de qualidade e sucesso escolar quando os professores investem a maior parte do seu tempo na elaboração e preenchimento de um conjunto de documentos burocráticos necessários ao proposto modelo de avaliação.Não é legítimo que:A avaliação de desempenho dos professores e a sua progressão na carreira se subordine a parâmetros como o sucesso dos alunos, o abandono escolar e a avaliação atribuída aos alunos;se desprezem variáveis inerentes à realidade social, económica, cultural e familiar dos alunos que escapam ao controlo e responsabilidade do professor e que são fortemente condicionadoras do sucesso educativo;se discriminem os docentes que leccionam turmas com situações problemáticas e com maiores dificuldades de aprendizagem. A imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação dos seus alunos configura uma violação grosseira do previsto na legislação em vigor quanto à decisão da avaliação final do aluno, a qual é da competência do Conselho de Turma sob proposta do(s) professor(es) de cada área curricular disciplinar e não disciplinar;se penalizem os docentes pelo uso de direitos constitucionalmente protegidos como sejam a maternidade/paternidade, doença, participação em eventos de reconhecida relevância social ou académica, cumprimento de obrigações legais e nojo, nos critérios de obtenção de Muito Bom ou de Excelente.Os docentes rejeitam, igualmente, um modelo que impõe uma avaliação entre pares, parcial e subjectiva, porque criadora de um péssimo ambiente na escola. Esta avaliação é, por demais, injusta e geradora de desigualdades, na medida em que aqueles que vão avaliar (coordenadores e avaliadores) não serão avaliados por um inspector, pelo menos, no presente ano lectivo. Por outro lado, a grande maioria não tem formação nem experiência em supervisão que lhe permita a avaliação dos seus pares. A formação que o Ministério da Educação tem vindo, recentemente, a proporcionar aos avaliadores, para além de não abranger uma parte significativa dos mesmos, é perfeitamente extemporânea, dado que decorreu, em grande parte, já depois do início do novo ano escolar, numa fase em que tudo deveria estar pronto para o arranque do processo avaliativo e em que os professores andam sobrecarregados com actividades inerentes ao lançamento do novo ano lectivo.O Ministério da Educação exige aos professores uma avaliação que lhes vai consumir o tempo e a alma em reuniões e documentos em prejuízo claro da sua vida profissional, porque, quer queiramos quer não, os principais lesados serão sempre os alunos.Os avaliadores terão que inventar tempo para pôr de pé uma estrutura avaliativa megalómana que o Ministério da Educação criou e que ele próprio não é capaz de sustentar, como se pode ver pela incapacidade de preparar e colocar no terreno inspectores para avaliação dos Coordenadores.Este Ministério não pode pôr de pé um sistema avaliativo construído sobre o desrespeito, a anulação e a exploração dos professores.Outra questão prende-se com o regime de quotas que impõe uma manipulação dos resultados da avaliação, gerando nas escolas situações de profunda injustiça e parcialidade, devido aos acertos impostos pela existência de percentagens máximas para atribuição das menções qualitativas de Excelente e Muito Bom, estipuladas pelo Despacho n.º 20131/2008, e que reflectem claramente o objectivo economicista que subjaz a este Modelo de Avaliação.
Enquanto todas as limitações, arbitrariedades, incoerências e injustiças que enformam este modelo de avaliação não forem corrigidas, e, ainda que, no presente ano lectivo, o modelo se encontre, apenas, em regime de experimentação, os professores signatários desta moção, por não lhe reconhecerem qualquer efeito positivo sobre a qualidade da educação e do seu desempenho profissional, solicitam ao Conselho Pedagógico a suspensão de toda e qualquer iniciativa relacionada com a avaliação por ele preconizada.
Agrupamento Vertical de Escolas de Azeitão, 22 de Outubro de 2008

Sunday, October 26, 2008

Mais Escolas a pedirem a suspensão da avaliação

O Agrupamento Vertical de Escolas D. Manuel de Faria e Sousa, em Felgueiras, aprovou, no dia 23 de Outubro de 2008, em Conselho Pedagógico, por unanimidade, a suspensão dos procedimentos relativos à Avaliação de Desempenho. Oportunamente será dado conhecimento público do texto então aprovado. São mais de três dezenas as escolas e agrupamentos que aprovaram a suspensão dos procedimentos. Muitas centenas têm o processo parado por iniciativa dos coordenadores de departamento com o apoio dos PCEs.
No dia 21/10, o CP da Escola Secundária Ferreira Dias, no Cacém, aprovou a suspensão do processo de avaliação até ver esclarecidas pelo ME um conjunto de dúvidas e questões colocadas num documento a enviar à tutela. Os professores da Escola Secundária de Rio Tinto optaram por promover um abaixo-assinado a exigir a suspensão do processo.
No últimos dias, outras escolas e agrupamentos fizeram o mesmo:Agrupamento Vertical de Escolas de Azeitão; Escola Manuela da Fonseca, em Santiago do Cacém; Escola EB2,3 Dr. Rui Grácio e muitas outras. Abaixo-assinado e moções pedindo esclarecimentos e exigindo a suspensão do processo são as duas formas mais habituais de resistência interna ao modelo burocrático de avaliação. O efeito bola de neve está surgir e as manifestações dos dias 8/11 e 15/11 serão dois pontos altos do movimento de resistência.

Investimentos públicos insensatos

Os adjectivos do título são muito eufemísticos, pois, em muitos casos, trata-se de autênticos actos de loucura com o dinheiro dos contribuintes, bem traduzidos nos versos dos lusíadas
Ó glória de mandar! ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos fama!
(Canto IV, estrofe 95)
O DN de hoje recorda a polémica dos estádios de futebol construídos, por razões puramente emotivas e sem fundamentos lógicos, para o Euro 2004. Não foram apenas as enormes despesas da construção mas também os custos da sua manutenção de que o jornal salienta «clubes e câmaras afundados em dívidas, taxas de ocupação baixíssimas, utilizações questionáveis» e questiona «que destino se dá a aparelhos urbanos de elevado investimento?» «Cinco anos depois, que fazer aos aparelhos do Algarve, Leiria, Aveiro (sem equipas do campeonato de topo, ou mesmo sem equipas, como no caso de Faro/Loulé), e mesmo Coimbra e até Braga?».O artigo merece ser lido na íntegra, pelo será interessante a utilização do link colocado no início deste post.Os governantes, responsáveis por gerir o dinheiro que os contribuintes têm de pagar têm obrigação de aprender estes exemplos de actos a evitar. Mas a lição não parece ter sido aprendida e levada a sério. Luís de Camões tinha razão (aliás era um sábio que ainda não foi superado, mesmo com a actual ajuda da Internet).
No mesmo dia, no diáriodigital vem a notícia de que «O primeiro-ministro, José Pinto de Sousa, afirmou, em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, que a crise não vai afectar as grandes obras públicas e garantiu o investimento no TGV, no novo aeroporto, nas auto-estradas e nas barragens.»Quanto às autoestradas, já ouvi dizer que começa a faltar, nos intervalos entre elas, terreno para cultivar tomates, razão porque este «fruto» está a escassear no País!Quanto ao moderno combóio, o Engenheiro Mira Amaral, de forma fundamentada e convincente, demonstrou que construir um TGV entre Lisboa e Porto é uma loucura inteiramente injustificada num País tão carente de recursos. Para se ganharem escassos minutos na viagem, não é racional fazer tão elevado investimento. Com menos custos, devia melhorar-se a linha para, em todos os troços do percurso, ser possível aproveitar toda a potencialidade do material circulante já existente.
Camões tinha muita razão ao escrever os versos transcritos no início.

Má gestão de dinheiros públicos na Gebalis

A Francisco Ribeiro, ex-presidente da Gebalis, foram dados, segundo o despacho de acusação, três cartões de crédito: um do BES com limite de 7500 euros, um do BPI com dez mil euros e um do Millennium bcp com cinco mil euros. Mário Peças, ex-vogal da empresa, teve também três cartões de crédito: um do BES com 7500 euros, um do BPI com dez mil euros e um do Millennium bcp com cinco mil euros.
-Já Clara Costa contou com um cartão de crédito do BES com um limite de crédito de 7500 euros e outro do Millennium bcp com cinco mil euros. À excepção do cartão de crédito do BPI atribuído a Mário Peças, todos os cartões tiveram vários números e diferentes datas.» [Correio da Manhã]
-comentário : Estes senhores pensaram que o dinheiro dos contribuintes serviam para encher a mula, só um vogal gastou mais de 11.000€ em refeições durante um ano e meio.

Saturday, October 25, 2008

A nossa democracia

QUE PODEREMOS FAZER POR NÓS PRÓPRIOS
«Esta democracia é o que é: um facto lamentável. Os grupos parlamentares, supostamente representantes de todos nós, cada cor seu paladar, obedecem às estratégias das direcções dos partidos, e a consciência da ética republicana, que devia gerir os actos e imperar sobre as conveniências, está quase totalmente aniquilada. Na terça-feira última, José Vítor Malheiros escreveu, no "Público", um notável artigo, "Disciplina de voto, arma de destruição maciça da democracia", no qual põe em causa a natureza peculiar dessa "obediência." É um texto que deveria ser leitura obrigatória dos deputados. Diz: "Todos sabemos que os partidos são indispensáveis à democracia e ninguém – dentro do quadro da democracia – põe isso em causa. Mas os partidos são indispensáveis à democracia porque permitem a corporização das livres opiniões, das diversas correntes de opinião. Os partidos são organizações políticas que reúnem pessoas que professam a mesma doutrina e que visam conquistar e exercer o poder, mas numa democracia a sua existência justifica-se por permitirem reforçar a acção pública dessas pessoas que partilham uma doutrina, não por constituírem um meio de reprimir a acção individual de cada uma dessas pessoas ou de reduzir a variedade de opiniões em confronto na cidade."» [Jornal de Negócios]
Parecer:
Por Baptista Bastos

Enquanto o D. R 2 / 2008 não for revogado , temos de o cumprir sem o simplificar

Todos os professores (mesmo os PCE’s modernaços e os titulares adesivos) sabem que o DR 2/2008 é impraticável, devido ao desajustamento que existe entre a missão da escola pública e os princípios de seriação, classificação e punição em que assenta este modelo asfixiantemente burocrático.
O normal, num país democrático e governado por pessoas com sólida formação política, cívica e moral, e que estivessem atentas aos inúmeros estudos sobre a escola produzidos pela investigação (nos países mais avançados, mas também em Portugal), seria que o DR fosse revogado (se alguma vez tivesse visto a luz do dia).
Neste país em que os governantes se habituaram ao “quero, posso e mando”, as mais das vezes apenas por que sim e sem que as decisões assentem em estudos sérios e credíveis, aquilo a que assistimos é ao exercício arrogante do autoritarismo do ministério da educação.
Agora, face à exigência dos sindicatos de suspensão imediata do DR 2/2008, que surge na sequência da comprovação feita nas escolas de que ele é inexequível, voltamos a assistir à farsa das afirmações feitas pelos responsáveis governamentais de que o processo não será suspenso nem simplificado.
Em simultâneo, a central de informação do governo vai fazendo o seu trabalho de descredibilização do movimento sindical e da luta dos professores. Um exemplo do que afirmo é a notícia da moção aprovada por mais de 130 dos 160 professores da Escola Camilo Castelo Branco, em Vila Real, que apesar de já ser conhecida à alguns dias, só foi publicada pelo DD ontem, depois da conferência de imprensa da Fenprof, sob o título: “Professores contra a avaliação: sindicatos andam «distraídos»“ (sexta-feira, 24 de Outubro de 2008 20:49).
Esta notícia não é inocente e surge no momento em que se começa a verificar que existem condições para unir todos os professores numa só manifestação, como se torna notório com a notícia do apelo de Paulo Guinote, João Madeira e Constantino Piçarra a merecer destaque no Público (24.10.2008 - 17h26)
Nestas circunstâncias, manter uma forte pressão sobre o governo e o ministério, com manifestações e outras formas de protesto, é fundamental para ganhar esta guerra, dura e sem tréguas. Mas é também necessário usar todas as estratégias à mão, mesmo quando isso se possa traduzir por algum agravamento temporário das condições de trabalho.
É por isso que cada um de nós, na sua escola e face aos seus avaliadores, tem que exigir o estrito e rigoroso cumprimento da lei, tal como MLR e JP dizem que ela será cumprida. Temos que mostrar que não estamos, nem ficamos parados.
Quanto aos PCE’s, sempre que receberem as equipas de bombeiros/112 na escola advogando a simplificação de processos e a eliminação de exigências não revogadas do DR 2/2008, o melhor que têm a fazer é torcerem o nariz, porque a lei é dura, mas é a lei. E ainda ontem o Público noticiava na primeira página que a Inspecção Geral de Finanças vai investigar dirigentes da função pública por incumprimento das normas legais de avaliação dos funcionários, prevendo inclusive a punição dos prevaricadores.

Processo de avaliação para na Ferreira Dias no Cacém

( recebido por correio electrónico )
Paragem do processo de avaliação na Ferreira Dias no Cacém.
Os avaliadores tiveram uma reunião conjunta e puseram muitas dúvidas.O Conselho Pedagógico também em reunião decidiu por unanimidade parar o processo enquanto não forem feitos esclarecimentos.Fizeram um documento com muitas dúvidas,sobre delegação de competências, o preenchimento on-line, fichas de observação (rigor científico) em disciplinas diferentes do avaliador, obrigatoriedade de preenchimento de todos os campos da avaliação, notas de exame contam ou não porque assim uns professores ficam prejudicados em relação a outros.Não sabemos até quando conseguimos parar o processo esperamos que a assistência de aulas já não seja este período.Mas sei que o ME anda numa azáfama a enviar pessoal a todas as escolas que param o processose houver muitas escolas a parar não devem ter equipas para todas.
Façam a vossa parte.
Xau
[Recebido por e-mail]

Friday, October 24, 2008

Escolas de Alvide - Cascais

Exmº Senhor Presidente da Comissão Executiva Instaladora e Presidente do Grupo de Trabalho de Acompanhamento Pedagógico do Agrupamento de Escolas de Alvide:
Os professores do Agrupamento de Escolas de Alvide, abaixo assinados, declaram o seu mais veemente protesto e desacordo perante o novo Modelo de Avaliação de Desempenho decorrente da aplicação do Decreto Regulamentar 2/2008 de 10 de Janeiro de 2008. (...)
Assim e enquanto todas as limitações, arbitrariedades, incoerências e injustiças que enformam este modelo de avaliação não forem corrigidas e, ainda que, no presente ano lectivo, o modelo se encontre, apenas, em regime de experimentação, os professores abaixo assinados, por não lhe reconhecerem qualquer efeito positivo sobre a qualidade da educação e do seu desempenho profissional, solicitam a suspensão de toda e qualquer iniciativa relacionada com a avaliação por ele preconizada.
Vê aqui o texto do abaixo-assinado

Escola Dom Manuel Martins - Setúbal


Os professores da Escola Secundária Dom Manuel Martins, abaixo assinados, vêm, por este meio, tomar posição no que respeita à situação que passam a expor. (...)Está claro para a classe docente que este modelo de avaliação é um modelo atabalhoado, desajustado, burocrático, anti-ecológico – pense-se na quantidade de árvores que vai ser necessário abater para produzir pasta de papel suficiente para todas as evidências, grelhas, fichas que o modelo comporta e obriga – que obriga os professores a desdobrarem-se em múltiplas tarefas cuja finalidade não está sob a sua alçada mas pertence, definitivamente, à esfera do governo que para tal foi democraticamente eleito pelos cidadãos aos quais prometeu as metas que agora tenta, por decreto, afectar aos professores.(...)Em conclusão, é necessário reformular este modelo de avaliação, dando-lhe sentido, credibilidade e eficácia e reparando as injustiças que os diplomas legais impostos pelo Ministério da Educação consagram
.(adaptação do texto produzido pelos colegas da Escola Secundária /3 Camilo Castelo Branco, de Vila Real)
Setúbal, 23 de Outubro de 2008
Vê aqui todo o documento

Actualização- Posições colectivas nas Escolas estão em marcha

POSIÇÕES COLECTIVAS NAS ESCOLAS NÃO DE SINDICATOS; são os professores ESTÃO EM MARCHA
As posições colectivas nas escolas estão em marchaJá são várias as escolas que este ano lectivo estão a avançar com moções a exigir a suspensão da avaliação. Nalguns casos, a avaliação está mesmo suspensa. Acreditamos que esta dinâmica se pode reproduzir com facilidade.Apelamos aos professores de todas as escolas que sigam estes exemplos.
Suspensão da Avaliação na Augusto Gomes
Conselho Pedagógico Suspende Avaliação (Esc. Sec./3 De Barcelinhos)
Plenário em Montemor-o-Novo
Departamentos Exigem Suspensão (Esc. Sec. Monte da Caparica)
Posição de Sec./3 Rainha Santa Isabel - Estremoz
Moção - Agrupamento de Escolas D. Carlos I
Proposta de Suspensão em Resende
Mais uma Proposta de um Departamento
Proposta de um Grupo da Secundária da Amadora
Tomada de Posição na EB 23 Dr. Rui Grácio - Montelavar
Tomada de Posição da ES Camilo Castelo Branco
Moção na Esc. Sec. Augusto Castro Gomes
Conselho de Docentes Apela à Mobilização
Mais uma Moção para a Suspensão da Avaliação (Forte da Casa)
Agrupamento de escolas Clara de Resende, no PortoEscola de Montemor-o-NovoProfessores de Arraiolos exigem suspensão do processo de avaliação de desempenhoSuspensão Da Avaliação: Agrupamento Vertical Clara De Resende
Pedido de Suspensão da Avaliação (Vila Nova de Poiares)
Escola de Arraiolos suspendeu avaliação
Abaixo-assinado (Escola Secundária Dr. Júlio Martins)
Moção no Agrupamento de Escolas de Vouzela
Professores de Ourique suspendem avaliação
Professores da Escola Secundária D. João II organizam-se para exigir a suspensão do processo de avaliação
Escola Eugénio de Castro, em Coimbra
Agrupamento de Escolas de Ovar
PARAR PARA RFLECTIR
Escola Secundária da Amadora
Agrupamento de Armação de Pêra
Escola Secundária Jaime Magalhães Lima (Aveiro)
Escola Alice Gouveia (Coimbra)
Agrupamento de Escolas de Aradas (Aveiro)
Agrupamento de Ourique
Professores de Chaves
Escola Secundária Avelar Brotero-(suspensão da avaliação)
CCAD da escola secundária D. João II contesta posição do Conselho de Escolas sobre a avaliação de desempenho
MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE E DA VONTADE DOS PROFESSORES

Vale tudo

Ministra apela às escolas para que não apliquem a lei"
É notícia no Esquerda.Net
(Nem comento. Já começo a não ter paciência para tanto despautério.)

Conselho Pedagógico suspende avaliação- Barcelinhos

ESCOLA SECUNDÁRIA/3 DE BARCELINHOS
(link para a página da Escola que anuncia esta decisão)

Reunião do Conselho Pedagógico 22-10-2008
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOCENTE
Moção(aprovada por unanimidade)
Face aos múltiplos problemas suscitados no arranque da tentativa de aplicação do modelo de avaliação do desempenho docente previsto no Decreto Regulamentar n.º 2/2008, nomeadadmente:
a) a total insatisfação do corpo docente da escola, que encara a sua avaliação do desempenho como penalizadora e como meio de se impedir a sua progressão na carreira; considerando este modelo de avaliação injusto, imoral e impraticável, porquanto, ao ser aplicado, promoverá a degradação das relações interpessoais entre os professores, daqui resultando graves prejuízos para a sua vida pessoal e socio-profissional e ainda com reflexos negativos nosucesso educativo dos alunos;
b) a ausência de condições para avaliadores e avaliados realizarem com o rigor exigido no citado decreto regulamentar e demais normativos legais as desvairadas tarefas inerentes aos actos de avaliar e ser avaliado;
c) as dúvidas e confusão lançadas pela Informação n.º 2 da DGRHE/ME, sem assinatura, já que este documento se baseia na Lei do Orçamento de Estado para 2009, ainda não aprovada e que, presumivelmente, irá produzir alterações à legislação em vigor no sentido de desobrigar as escolas da publicação em Diário da República da delegação de competências para efeitos da avaliação de desempenho docente;
d) a ausência de resposta da DGRHE ao fax do Conselho Executivo da escola pelo qual se solicitou informação quanto à possibilidade de se requisitar em Comissão de Serviço uma colega para o exercício das funções de avaliadora no Departamento de Ciências Sociais e Humanas;o Conselho Pedagógico da Escola Secundária/3 de Barcelinhos, na sua reunião ordinária de 22 de Outubro de 2008, decide:Adiar a avaliação do desempenho docente na escola, até ao completo esclarecimento das dúvidas e confusões instaladas e até à criação de condições que permitam uma avaliação rigorosa e justa, que contribua para a melhoria dos resultados escolares e educativos dos alunos.
Barcelinhos, 22 de Outubro de 2008
O Conselho Pedagógico

Thursday, October 23, 2008

Em permanente actualização

Servindo de complemento e reforço ao que vou divulgando, é útil a visita ao blogue do Movimento Escola Pública para leitura de algumas moções e tomadas de posição sobre a avaliação do desempenho docente que nem sempre tenho possibilidade de, atempadamente, incluir aqui neste blog.

Conferência da Plataforma Sindical dos Professores

Plataforma Sindical dos Professores apresenta publicamente exigência de suspensão do processo de avaliação em curso
A Plataforma Sindical dos Professores promove na nesta sexta-feira, dia 24 de Outubro, pelas 17.00 horas, no Hotel Marquês de Sá, uma Conferência de Imprensa em que tornará públicas as razões por que, face à actual situação de desorganização, disfuncionamento e conflitualidade que a aplicação do modelo de avaliação do desempenho está a provocar nas escolas, exige a sua imediata suspensão.
A Plataforma Sindical dos Professores convida os/as Senhores/as Jornalistas a acompanharem esta Conferência de Imprensa.
Ver noticia do endereço oficial da Fenprof

O fetiche da avaliação

Como se avalia um juiz? Pelo número de sentenças que profere durante um ano? E se elas forem injustas? Pela percentagens de sentenças justas? E quem determina a justiça dessas sentenças? Repetem-se todos os julgamentos?
Como se avalia um médico? Pelo número de consultas que dá? E se o doente sai de lá pior do que entrou? Pela percentagem de curas? E o que é uma cura? Pelo número de altas? Mas em que estado está o doente quando tem alta?
Como se avalia um advogado? Pela percentagem de vencimentos de causa que obtém? E como sabemos se ele escolheu ou não litigar essas causas de acordo com a sua viabilidade à partida?Como se avalia um arquitecto: Pelos prémios que obteve? Pelas críticas nas revistas especializadas? pelo grau de satisfação dos utilizadores do edifício ao fim de dez anos? E como se determina esse grau de satisfação?
Como se avalia um professor: pelas notas que dá? Mas como sabemos se essas notas correspondem ou não ao que o aluno sabe? Pelo que o aluno sabe no fim do ciclo? Mas isto como é que se determina? Pela diferença entre o que o aluno sabe no fim do ciclo e o que ele sabia no princípio? Quem determina isto, e como?
O fetiche da avaliação veio do mundo empresarial (onde, de resto, já está a ser posto em causa).
Aqui é fácil avaliar. Se o que é preciso fabricar muitos sabonetes, quem fabrica muitos é bom e quem fabrica poucos é mau. Se é preciso vendê-los, bom é quem vende muitos. Se é preciso controlar a sua qualidade, quem consegue a menor percentagem de defeitos é bom profissional, quem não a consegue é mau.Mas para o juiz, para o médico, para o advogado, para o arquitecto, para o professor, o paradigma da avaliação não funciona: o que funciona é o paradigma da auto-regulação. É por isso que estas profissões, excepto duas, têm Ordens: os juízes porque não precisam: a sua auto-regulação é feita por outros mecanismos; os professores porque os sucessivos governos e os sindicatos nunca o permitiram - aqueles com medo de terem que enfrentar mais uma «corporação» (leia-se: uma sociedade civil mais forte). Estes, com medo da concorrência.A falta duma Ordem dos Professores é uma tragédia que hoje estamos todos a pagar: professores, alunos, pais, empresas e até, desde há pouco, os próprios sindicatos que se opuseram a ela. O País inteiro. O próprio Governo começará, em breve, a sofrer os seus efeitos. Mas dado o tempo decorrido entre a causa e a consequência, poucos políticos se darão conta da origem dos seus males.

Carta de uma mãe ao primeiro ministro- longa e interessante

( recebido por e. mail )
Sr. Engº José Pinto de Sousa
,Antes de mais, peço desculpa por não o tratar por Excelência nem por Primeiro-Ministro, mas, para ser franca, tenho muitas dúvidas quanto ao facto de o senhor ser excelente e, de resto, o cargo de primeiro-ministro parece-me, neste momento, muito pouco dignificado.Também queria avisá-lo de antemão que esta carta vai ser longa, mas penso que não haverá problema para si, já que você é do tempo em que o ensino do Português exigia grandes e profundas leituras. Ainda pensei em escrever tudo por tópicos e com abreviaturas, mas julgo que lhe faz bem recordar o prazer de ler um texto bem escrito, com princípio, meio e fim, e que, quiçá, o faça reflectir (passe a falta de modéstia).Gostaria de começar por lhe falar do 'Magalhães'. Não sobre os erros ortográficos, porque a respeito disso já o seu assessor deve ter recebido um e-mail meu. Queria falar-lhe da gratuitidade, da inconsequência, da precipitação e da leviandade com que o senhor engenheiro anunciou e pôs em prática o projecto a que chama de e-escolinha.O senhor fala em Plano Tecnológico e, de facto, eu tenho visto a tecnologia, mas ainda não vi plano nenhum. Senão, vejamos a cronologia dos factos associados ao projecto 'Magalhães':
No princípio do mês de Agosto, o senhor engenheiro apareceu na televisão a anunciar o projecto e-escolinhas e a sua ferramenta: o portátil Magalhães.
No dia 18 de Setembro (quinta-feira) ao fim do dia, o meu filho traz na mochila um papel dirigido aos encarregados de educação, com apenas quatro linhas de texto informando que o 'Magalhães' é um projecto do Governo e que, dependendo do escalão de IRS, o seu custo pode variar entre os zero e os 50 euros. Mais nada! Seguia-se um formulário com espaço para dados como nome do aluno, nome do encarregado de educação, escola, concelho, etc. e, por fim, a oportunidade de assinalar, com uma cruzinha, se pretendemos ou não adquirir o 'Magalhães'.
No dia 22 de Setembro (segunda-feira), ao fim do dia, o meu filho traz um novo papel, desta vez uma extensa carta a anunciar a visita, no dia seguinte, do primeiro-ministro para entregar os primeiros 'Magalhães' na EB1 Padre Manuel de Castro. Novamente, uma explicação respeitante aos escalões do IRS e ao custo dos portáteis.
No dia 23 de Setembro (terça-feira), o meu filho não traz mais papéis, traz um 'Magalhães' debaixo do braço.Ora, como é fácil de ver, tudo aconteceu num espaço de três dias úteis em que as famílias não tiveram oportunidade de obter esclarecimentos sobre a futura utilização e utilidade do 'Magalhães'. Às perguntas que colocámos à professora sobre o assunto, ela não soube responder. Reunião de esclarecimento, nunca houve nenhuma.Portanto, explique-me, senhor engenheiro: o que é que o seu Governo pensou para o 'Magalhães'?
Que planos tem para o integrar nas aulas?
Como vai articular o seu uso com as matérias leccionadas?
Sabe, é que 50 euros talvez seja pouco para se gastar numa ferramenta de trabalho, mas, decididamente, e na minha opinião, é demasiado para se gastar num brinquedo. Por favor, senhor engenheiro, não me obrigue a concluir que acabei de pagar por uma inutilidade, um capricho seu, uma manobra de campanha eleitoral, um espectáculo de fogo de artifício do qual só sobra fumo e o fedor intoxicante da pólvora.Seja honesto com os portugueses e admita que não tem plano nenhum. Admita que fez tudo tão à pressa que nem teve tempo de esclarecer as escolas e os professores. E não venha agora dizer-me que cabe aos pais aproveitarem esta maravilhosa oportunidade que o Governo lhes deu e ensinarem os filhos a lidar com as novas tecnologias. O seu projecto chama-se e-escolinha, não se chama e-familiazinha! Faça-lhe jus!Ponha a sua equipa a trabalhar, mexa-se, credibilize as suas iniciativas!Uma coisa curiosa, senhor engenheiro, é que tudo parece conspirar a seu favor nesta sua lamentável obra de empobrecimento do ensino assente em medidas gratuitas.Há dias arrisquei-me a ver um episódio completo da série Morangos com Açúcar. Por coincidência, apanhei precisamente o primeiro episódio da nova série que significa, na ficção, o primeiro dia de aulas daquela miudagem. Ora, nesse primeiro dia de aulas, os alunos conheceram a sua professora de matemática e o seu professor de português. As imagens sucediam-se alternando a aula de apresentação de matemática por contraposição à de português. Enquanto a professora de matemática escrevia no quadro os pressupostos da sua metodologia - disciplina, rigor e trabalho - o professor de português escrevia no quadro os pressupostos da sua - emoção, entrega e trabalho. Ora, o que me faz espécie, senhor engenheiro, é que a personagem da professora de matemática é maldosa, agressiva e antiquada, enquanto que o professor de português é um tipo moderno e bué de fixe. Então, de acordo com os princípios do raciocínio lógico, se a professora de matemática é maldosa e agressiva e os seus pressupostos são disciplina e rigor, então a disciplina e o rigor são coisas negativas. Por outro lado, se o professor de português é bué de fixe, então os pressupostos da emoção e da entrega são perfeitos. E de facto era o que se via. Enquanto que na aula de matemática os alunos bufavam, entediados, na aula de português sorriam, entusiasmados.Disciplina e rigor aparecem, assim, como conceitos inconciliáveis com emoção e entrega, e isto é a maior barbaridade que eu já vi na minha vida. Digo-o eu, senhor engenheiro, que tenho uma profissão que vive das emoções, mas onde o rigor é 'obstinado', como dizem os poetas. Eu já percebi que o ensino dos dias de hoje não sabe conciliar estes dois lados do trabalho. E, não o sabendo, optou por deixar de lado a disciplina e o rigor. Os professores são obrigados a acreditar que para se fazer um texto criativo não se pode estar preocupado com os erros ortográficos. E que para se saber fazer uma operação aritmética não se pode estar preocupado com a exactidão do seu resultado. Era o que faltava, senhor engenheiro!Agora é o momento em que o senhor engenheiro diz de si para si: mas esta mulher é um Velho do Restelo, que não percebe que os tempos mudaram e que o ensino tem que se adaptar a essas mudanças? Percebo, senhor engenheiro. Então não percebo? Mas acontece que o que o senhor engenheiro está a fazer não é adaptar o ensino às mudanças, você está a esvaziá-lo de sentido e de propósitos. Adaptar o ensino seria afinar as metodologias por forma a torná-las mais cativantes aos olhos de uma geração inquieta e voltada para o imediato. Mas nunca diminuir, nunca desvalorizar, nunca reduzir ao básico, nunca baixar a bitola até ao nível da mediocridade.Mas, por falar em Velho do Restelo...... Li, há dias, numa entrevista com uma professora de Literatura Portuguesa, que o episódio do Velho do Restelo foi excluído do estudo d'Os Lusíadas. Curioso, porque este era o episódio que punha tudo em causa, que questionava, que analisava por outra perspectiva, que é algo que as crianças e adolescentes de hoje em dia estão pouco habituados a fazer. Sabem contrariar, é certo, mas não sabem questionar. São coisas bem diferentes: contrariar tem o seu quê de gratuito; questionar tem tudo de filosófico. Para contrariar, basta bater o pé. Para questionar, é preciso pensar.Tenho pena, porque no meu tempo (que não é um tempo assim tão distante), o episódio do Velho do Restelo, juntamente com os de Inês de Castro e da Ilha dos Amores, era o que mais apaixonava e empolgava a turma. Eram três episódios marcantes, que quebravam a monotonia do discurso de engrandecimento da nação e que, por isso, tinham o mérito de conseguir que os alunos tivessem curiosidade em descodificar as suas figuras de estilo e desbravar o hermetismo da linguagem. Ainda hoje me lembro exactamente da aula em que começámos a ler o episódio de Inês de castro e lembro-me das palavras da professora Lídia, espicaçando-nos, estimulando-nos, obrigando-nos a pensar. E foi há 20 anos.Bem sei que vivemos numa era em que a imagem se sobrepõe à palavra, mas veja só alguns versos do episódio de Inês de Castro, veja que perfeita e inequívoca imagem eles compõem:
'Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano d'alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito (...)'
Feche os olhos, senhor engenheiro, vá lá, feche os olhos. Não consegue ver, perfeitamente desenhado e com uma nitidez absoluta, o rosto branco e delicado de Inês de Castro, os seus longos cabelos soltos pelas costas, o corpo adolescente, as mãos investidas num qualquer bordado, o pensamento distante, vagueando em delícias proibidas no leito do príncipe? Não vê os seus olhos que de vez em quando escapam às linhas do bordado e vão demorar-se na janela, inquietos de saudade, à espera de ver D. Pedro surgir a galope na linha do horizonte? E agora, se se concentrar bem, não vê uma nuvem negra a pairar sobre ela, não vê o prenúncio do sangue a escorrer-lhe pelos fios de cabelo?Não consegue ver tudo isto apenas nestes quatro versos?Pois eu acho estes quatro versos belíssimos, de uma simplicidade arrebatadora, de uma clareza inesperada. É poesia, senhor engenheiro, é poesia! Da mais nobre, grandiosa e magnífica que temos na nossa História. Não ouse menosprezá-la. Não incite ninguém a desrespeitá-la.Bem, admito que me perdi em divagações em torno da Inês de Castro. O que eu queria mesmo era tentar perceber porque carga de água o Velho do Restelo desapareceu assim. Será precisamente por estimular a diferença de opiniões, por duvidar, por condenar? Sabe, não tarda muito, o episódio da Ilha dos Amores será também excluído dos conteúdos programáticos por 'alegado teor pornográfico' e o de Inês de Castro igualmente, por 'incitamento ao adultério e ao desrespeito pela autoridade'.Como é, senhor engenheiro? Voltamos ao tempo do 'lápix' azul?E já agora, voltando à questão do rigor e da disciplina, da entrega e da emoção: o senhor engenheiro tem ideia de quanta entrega e de quanta emoção Luís de Camões depôs na sua obra? E, por outro lado, o senhor engenheiro duvida da disciplina e do rigor necessários à sua concretização? São centenas e centenas de páginas, em dezenas de capítulos e incontáveis estrofes com a mesma métrica, o mesmo tipo de rima, cada palavra escolhida a dedo... o que implicou tudo isto senão uma carga infinita de disciplina e rigor?
Senhor engenheiro José Pinto de Sousa : vejo que acabo de confiar o meu filho ao sistema de ensino onde o senhor montou a sua barraca de circo e não me apetece nada vê-lo transformar-se num palhaço. Bem, também não quero ser injusta consigo. A verdade é que as coisas já começaram a descarrilar há alguns anos, mas também é verdade que você está a sobrealimentar o crime, com um tirinho aqui, uma facadinha ali, uma desonestidade acolá.Lembro-me bem da época em que fiz a minha recruta como jornalista e das muitas vezes em que fui cobrir cerimónias e eventos em que você participava. Na altura, o senhor engenheiro era Secretário de Estado do Ambiente e andava com a ministra Elisa Ferreira por esse Portugal fora, a inaugurar ETAR's e a selar aterros. Também o vi a plantar árvores, com as suas próprias mãos. E é por isso que me dói que agora, mais de dez anos depois, você esteja a dar cabo das nossas sementes e a tornar estéreis os solos que deveriam ser férteis.Sabe, é que eu tenho grandes sonhos para o meu filho. Não, não me refiro ao sonho de que ele seja doutor ou engenheiro. Falo do sonho de que ele respeite as ciências, tenha apreço pelas artes, almeje a sabedoria e valorize o trabalho. Porque é isso que eu espero da escola. O resto é comigo.Acho graça agora a ouvir os professores dizerem sistematicamente aos pais que a família deve dar continuidade, em casa, ao trabalho que a escola faz com as crianças. Bem, se assim fosse eu teria que ensinar o meu filho a atirar com cadeiras à cabeça dos outros e a escrever as redacções em linguagem de sms. Não. Para mim, é o contrário: a escola é que deve dar continuidade ao trabalho que eu faço com o meu filho.Acho que se anda a sobrevalorizar o papel da escola. No meu tempo, a escola tinha apenas a função de ensinar e fazia-o com competência e rigor. Mas nos dias que correm, em que os pais não têm tempo nem disposição para educar os filhos, exige-se à escola que forme o seu carácter e ocupe todo o seu tempo livre. Só que infelizmente ela tem cumprido muito mal esse papel.A escola do meu tempo foi uma boa escola. Hoje, toda a gente sabe que a minha geração é uma geração de empreendedores, de gente criativa e com capacidade iniciativa, que arrisca, que aposta, que ambiciona. E não é disso que o país precisa? Bem sei que apanhámos os bons ventos da adesão à União Europeia e dos fundos e apoios que daí advieram, mas isso por si só não bastaria, não acha? E é de facto curioso: tirando o Marco cigano, que abandonou a escola muito cedo, e a Fatinha que andava sempre com ranhoca no nariz e tinha que tomar conta de três irmãos mais novos, todos os meus colegas da primária fizeram alguma coisa pela vida. Até a Paulinha, que era filha da empregada (no meu tempo dizia-se empregada e não auxiliar de acção educativa, mas, curiosamente, o respeito por elas era maior), apesar de se ter ficado pelo 9º ano, não descansou enquanto não abriu o seu próprio Pão Quente e a ele se dedicou com afinco e empenho. E, no entanto, levámos reguadas por não sabermos de cor as principais culturas das ex-colónias e éramos sujeitos a humilhação pública por cada erro ortográfico. Traumatizados? Huuummm... não me parece. Na verdade, senhor engenheiro, tenho um respeito e uma paixão pela escola tais que, se tivesse tempo e dinheiro, passaria o resto da minha vida a estudar.Às vezes, dá-me para imaginar as suas conversas com os seus filhos (nem sei bem se tem um ou dois filhos...) e pergunto-me se também é válido para eles o caos que o senhor engenheiro anda a instalar por aí. Parece que estou a ver o seu filho a dizer-lhe: ó pai, estou com dificuldade em resolver este sistema de três equações a três incógnitas... dás-me uma ajuda? E depois, vejo-o a si a responder com a sua voz de homilia de domingo: não faz mal, filho... sabes escrever o teu nome completo, não sabes? Então não te preocupes, é perfeitamente suficiente...Vendo as coisas assim, não lhe parece criminoso o que você anda a fazer?E depois, custa-me que você apareça em praça pública acompanhado da sua Ministra da Educação, que anda sempre com aquele ar de infeliz, de quem comeu e não gostou, ambos com o discurso hipócrita do mérito dos professores e do sucesso dos alunos, apoiados em estatísticas cuja real interpretação, à luz das mudanças que você operou, nos apresenta uma monstruosa obscenidade. Ofende-me, sabe? Ofende-me por me tomar por estúpida.Aliás, a sua Ministra da Educação é uma das figuras mais desconcertantes que eu já vi na minha vida. De cada vez que ela fala, tenho a sensação que está a orar na missa de sétimo dia do sistema de ensino e que o que os seus olhos verdadeiramente dizem aos pais deste Portugal é apenas 'os meus sentidos pêsames'.Não me pesa a consciência por estar a escrever-lhe esta carta. Sabe, é que eu não votei em si para primeiro-ministro, portanto estou à vontade. Eu votei em branco. Mas, alto lá! Antes que você peça ao seu assessor para lhe fazer um discurso sobre o afastamento dos jovens da política, lembre-se, senhor engenheiro: o voto em branco não é o voto da indiferença, é o voto da insatisfação! Mas, porque vos é conveniente, o voto em branco é contabilizado, indiscriminadamente, com o voto nulo, que é aquele em que os alienados desenham macaquinhos e escrevem obscenidades.Você, senhor engenheiro, está a arriscar-se demasiado. Portugal está prestes a marcar-lhe uma falta a vermelho no livro de ponto. Ah... espere lá... as faltas a vermelho acabaram... agora já não há castigos...Bem, não me vou estender mais, até porque já estou cansada de repetir 'senhor engenheiro para cá', 'senhor engenheiro para lá'. É que o meu marido também é engenheiro e tenho receio de lhe ganhar cisma.Esta carta não chegará até si. Vou partilhá-la apenas e só com os meus E-leitores (sim, sim, eu também tenho os meus eleitores) e talvez só por causa disso eu já consiga hoje dormir melhor. Quanto a si, tenho dúvidas.Para terminar, tenho um enorme prazer em dedicar-lhe, aqui, uma estrofe do episódio do Velho do Restelo. Para que não caia no esquecimento. Nem no seu, nem no nosso.
'A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás?
Que histórias?
Que triunfos?
Que palmas?
Que vitórias? '
Atenciosamente e ao abrigo do artigo nº 37 da Constituição da República Portuguesa,Uma mãe preocupada
NOTA: Texto recebido por e-mail, de autora não identificada. Publico, porque, num português escorreito como se ensinava há algumas décadas, apresenta uma análise preocupada do «ensino» actual. Merece estar aqui visível para boa e franca ponderação dos leitores.