Wednesday, October 01, 2008

A Falácia dos objectivos individuais- um texto crítico de Luis Costa

No início de cada ano lectivo, nas primeiras aulas de Formação Cívica, costumo pedir aos meus alunos de sétimo ano, em jeito de brainstorming, para indicarem aquelas que, no seu entender, devem ser as mais importantes normas de conduta dentro e fora das sala de aula. Depois, todas essas regras são integradas num documento assinado pelos representantes da turma e por mim, na qualidade de Director de Turma. É claro que os jovens acabam por reiterar o que está consignado no Estatuto do Aluno e no Regulamento Interno. Mas, como facilmente se depreende, trata-se de uma estratégia para consciencializar as crianças, responsabilizá-las individualmente pelo cumprimento de normas que eles mesmos verbalizaram.
A lógica dos objectivos individuais apenas me é apreensível nesta perspectiva: uma brincadeira para nos levar a reescrever, pelo nosso punho humilhado, as metas já definidas pela escola ou agrupamento, com políticas promessas de resultados, taxas de abandono, assiduidade… enfim, “maldades” que eu nunca faria aos meus alunos. Mas haverá alternativas para este aviltante disparate? Até NADA seria melhor alternativa! Contudo, vou arriscar uma proposta, para não ser apontado como um “bota-baixista”.Tal como em qualquer outra instituição, empresa e mesmo os clubes de futebol, todas as “peças” do sistema devem trabalhar para a mesma finalidade. Assim, as metas da escola, ou do agrupamento, seriam as metas de toda a comunidade educativa e de cada um dos seus membros. Para além da ou das avaliações intermédias, no final do ano lectivo far-se-ia a reflexão final — à luz das referidas metas — procurando identificar as condicionantes negativas e os factores positivos. Dessa avaliação resultaria a responsabilização individual de todos os membros da comunidade e não apenas do professor. É que, no presente, há uma peça fundamental em toda esta engrenagem que não é devidamente responsabilizada, mas que tem um papel fundamental em todo o processo. Não, não estou a falar do desgoverno. Estou a falar do Encarregado de Educação.
Luís Costa

No comments: