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Desmoralizar alguns dos professores mais dedicados às escolas, repetidamente ofendidos pela tutela ao longo de 3 anos, após uma carreira profissional quantas vezes exemplar.
A recompensa foi envergonhá-los publicamente, tentar virar a opinião pública contra eles - o que não conseguiu, para além dos grupúsculos de ressabiados do costume - e dificultar-lhes as condições de trabalho na fase final da carreira.
Muitos batem com a porta, com evidentes sacrifícios materiais em termos de aposentação. Mas isso é o que os homens de cinzento das Finanças pretendiam e os valteres e as marias da 5 de Outubro foram encarregues de fazer.
Quem perde com isto: os alunos, em primeiro lugar. O sistema educativo em segundo. Os colegas, em terceiro. Porque partem muitos professores experientes e com muito a ensinar para além de preencher papelada e serem obrigados a avaliar colegas contra sua vontade.
Mas está tudo bem, quando este capital humano pode ser substituído por professores contratados em cíclicas com horários incompletos e instruções para os não completar (um professor que se aposente e cujo horário tivesse reduções, implica um horário incompleto para um contratado), enquanto os generalistas não chegam.
Quatro mil pediram a reforma nos 10 primeiros meses.Carga burocrática excessiva retira tempo para os alunos. Em 2008 já se reformaram quase quatro mil professores e educadores de infância. E, apesar de perderem regalias, cada vez mais optam pela reforma antecipada. Só no mês passado houve 510 docentes a reformar-se.
Das duas uma: os professores portugueses estão a ficar velhos ou cansados. O JN comparou as listas de aposentados da função pública e constatou que, de um ano para o outro, estão a reformar-se, todos os meses, duas vezes mais professores e educadores de infância.
Por exemplo, comparando o mês de Setembro deste ano com o do ano anterior verifica-se que o número de aposentados mais que duplicou: de 249 passou para 510. Esta é uma tendência que parece estar a ganhar forma porque o número de professores e educadores de infância que se reformaram este mês de Outubro (322) é bem maior do que os reformados no conjunto de Outubro e Novembro de 2007 (272).
Ao todo e ainda com dois meses para contabilizar, este ano já pediram a reforma 3821 professores e educadores de infância. Sendo que os meses com mais reformas concretizadas foram Setembro (510) e Agosto (485) e o com menos foi o mês de Maio (126).
Como parece pouco crível que de um ano para o outro a população docente tenha envelhecido brutalmente e atendendo a que muitos pedem a reforma antecipadamente, sujeitando-se às respectivas penalizações (ver caixa), a resposta mais provável é que eles andam mesmo cansados e fartos. De quê, só os próprios poderão responder.
“Os professores estão saturados e desmotivados e, por mais que tentemos que não saiam prejudicados querem a reforma de qualquer maneira e com qualquer idade”, diz Teresa Maia Mendes, do Sindicato de Professores do Norte. Esta docente auxilia os professores a calcularem quais os termos em que se poderão reformar e, por isso, conhece bem os motivos. Na sua opinião, “muitos professores, especialmente os que estão em topo de carreira, não estão a conseguir aguentar o ritmo da escola e dizem que mais vale sair com qualquer coisa porque, com o desgaste que estão a ter, vão acabar é no cemitério antes da idade da reforma”.
A professora tem visto no Diário da República vários professores com pensões baixas o que significa que “muitos não estão a aguentar ir até ao fim”. E comprova isso todos os dias pessoalmente. “Temos muitos pedidos de ajuda para a reforma antecipada e, mesmo avisando que vão ter uma quebra enorme com a aposentação, eles dizem que o clima nas escolas está impraticável e que não há maneira de dar a volta. Por isso, raramente mudam de opinião e fogem em frente”, explicou ao JN.
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