Sunday, August 31, 2008

Valter Lemos

( Clique sobre a imagem para a ampliar )

na revista Unica de de 30 de Agosto de 2008

Saturday, August 30, 2008

Os nossos legisladores, seguidores das teorias de Jean Jaques Rousseau

Os socialistas e os seus amigos mais à esquerda apoiam a nova legislação penal onde o princípio é o suposto humanismo e a solidariedade social, que é o princípio de tudo o que os socialistas fazem. Temos de ser amigos dos presos, coitadinhos, porque os erros que cometeram foi por culpa da sociedade, que é má, não foi por culpa deles, que são apenas uns bons selvagens. Esta retórica "rousseauniana" está a produzir os seus resultados, com a criminalidade violenta a crescer a taxas de 10% ao ano.
A entrevista de ontem do Ministro da Administração Interna deixa antever que a criminalidade se vai agravar ao longo dos próximos meses pois não trouxe nada de novo. O Código de Processo Penal vai ficar exactamente na mesma.O grande problema está na lógica igualitária que preside á legislação penal. Todos somos iguais e todos somos igualmente bons, mesmo os que cometem crimes violentos. A legislação é igualitária e confia que vão ser os magistrados a distinguir entre os "bons" criminosos e os "maus" criminosos, na retórica socialista.
Os magistrados são seres humanos, que nos últimos anos foram continuamente "enxovalhados" por este Governo e pelo Ministro Alberto Costa, e como tal erram. O resultado é a libertação extemporânea e precipitada de criminosos violentos e o crescimento acelerado da criminalidade.
Mas igualmente grave foi a situação em que o legislador colocou a polícia. Os polícias não podem disparar contra ninguém porque se têm o azar de acertar são suspensos. Se um polícia acerta num assaltante é provavel que fique mais tempo preso do que o próprio assaltante. Os socialistas, com os seus complexos anti-autoritários quando estão em democracia, puseram umas algemas á actuação da polícia portuguesa. E estão a libertar os gatunos.

Thursday, August 28, 2008

Eurydyce elogia estabilidade legislativa dos países nórdicos

O DN de hoje traz uma notícia sobre um Relatório da Rede Eurydice onde, segundo a interpretação do jornalista que redigiu a notícia, se fazem elogios à introdução da avaliação de desempenho em Portugal. O relatório da Eurydice elogia as reformas educativas realizadas em Portugal, Holanda e Reino Unido. O colega Paulo Guinote desmontou de forma exemplar a construção desta notícia do DN. Guinote leu e analisou o Relatório da Eurydice e não encontrou nenhum elogio explícito ao processo de avaliação de desempenho dos professores em Portugal. Pelo contrário, o que o Relatório Eurydice faz é elogiar a estabilidade legislativa dos sistemas educativos dos países nórdicos. Leia o post de Paulo Guinote, publicado no blog A Educação do Meu Umbigo. É uma história exemplar sobre como não se deve construir uma notícia sobre um relatório. Provavelmente, o jornalista fez uma leitura demasiado rápida do Relatório da Eurydice.

Pobre Povo nação doente

( artigo de Batista Bastos no JN )

Está uma batalha lá fora e os políticos não encontram melhor forma de reconhecimento do que se passa senão com dizer coisas sem sentido. A violência está a mudar (mudou) a nossa sociedade e põe em causa não apenas a face social do País como favorece a emergência de ataques à liberdade, em nome da segurança. As primeiras páginas dos jornais, os "alinhamentos" dos noticiários televisivos não se baseiam em princípios abstractos: a gestão do medo traduz a realidade do medo, e uma falta de confiança na avaliação dos políticos.Impressionamo-nos com a crueza das imagens de brutalidade mas, a seguir, admitimo-las porque nos resignámos. Criou-se a mentalidade difusa, volatilizada, de que esta realidade é a concepção subjacente da "modernidade".
Oculta-se a verdadeira razão: o capitalismo contemporâneo criou um indivíduo que recusa e resiste a qualquer forma de compromisso. Os laços sociais foram destruídos e o homem "moderno" encerra-se em si próprio, indiferente não só ao "outro" como relapso aos assuntos públicos.As esferas estão demarcadas. Se, num lado, os guetos não ocultam a injustiça e são alfobres de ressentimento, resultantes das deformações sociais, no outro lado estão os condomínios fechados, que multiplicam as fronteiras entre dois mundos distintos. O que se entrevê como protecção transforma-se em couraça.As classes dirigentes alteraram, dramaticamente, os espaços de aproximação afectiva. Vivemos num país, numa sociedade, que ignora o conceito de comunidade e de partilha para se converter numa massa esvaziada de substância.A "prevenção" do crime está certa. Mas as declarações nesse sentido, proferidas por responsáveis da "segurança", desembaraçam-se de qualquer desejo de análise e de racionalidade. "Mais polícia" é paliativo; não é solução. A desumanização social, a deformidade e a abjecção que se encontram na natureza do sistema ganharam raízes na cultura dominante. A desigualdade na distribuição da riqueza é afrontosa. Os jornais informam que aquele multimilionário superou, em fortuna acumulada, aqueloutro; que "gestores" auferem reformas sumptuárias após meia dúzia de meses de exercício de funções; que a fuga aos impostos é uma prática só possível, e permitida, aos ricos - como se o valor de uma pessoa fosse, claramente, inferior ao de outra.
Dostoievski ensinou que o crime compensa. Raskolnikov é, unicamente, castigado pelo remorso. Sentimento que me não parece muito comum entre aqueles indicados. Henri Michaux, poeta de que gosto muito, autor, aliás, de um pequeno livro, Equador, este, sim, maior, escreveu: "Só lutamos bem por causas que nós próprios modelamos e com as quais nos queimamos ao identificarmo-nos com elas."
O português não é mobilizado porque é constantemente desprezado.

Wednesday, August 27, 2008

Perplexidades do nosso Portugal

1- Uma adolescente de 16 anos pode fazer livremente um aborto mas não pode pôr um piercing!
2-Um jovem de 18 anos recebe 200 € do Estado para não trabalhar; um idoso recebe de reforma 236 € depois de toda uma vida de trabalho!
3- Um marido oferece um anel à sua mulher e tem de declarar a doação ao fisco!
4- Alguém se lembra de algum condenado por corrupção nos últimos tempos?
5- Um professor é sovado por um aluno e o Governo diz que a culpa é das causas sociais e que o professor não sabe motivar!
6- Um polícia bate num negro é uma atitude racista, um bando de negros mata 3 polícias, não estão inseridos na sociedade!
7-O café da esquina fechou porque não tinha WC para homens, mulheres e empregados. No Fórum Montijo a WC da Pizza Hut fica a 100mts e nem tem local para lavar mãos!
8- O governo incentiva as pessoas a procurarem energias alternativas ao petróleo e depois multa quem coloca óleo vegetal nos carros porque não paga ISP (Imposto sobre produtos petrolíferos)!
9- Nas prisões é distribuído gratuitamente seringas por causa do HIV, mas não se questiona como entra a droga nas prisões?
10- Se um filho não tem cabeça para a escola e com 14 anos o pai o coloca a trabalhar num oficio respeitável, é considerada exploração do trabalho infantil. Se o pai é artista e o seu filho com 7 anos participa em gravações de telenovelas 8 horas por dia ou mais, a criança tem muito talento, sai ao pai ou à mãe!
12- Paga-se 0.50 € por uma seringa na farmácia para ministrar determinados medicamentos, mas se for drogado, não paga!
( recebido por correio electrónico )

Respostas de alunos e escritos de professores

1) Galileu (1564-1642) foi condenado à morte porque foi o 1º a fazer a terra andar à volta.
2) Um braço de mar é um pedaço de mar em forma de braço.
3) O exemplo do Titanic serve para demonstrar a agressividade dos icebergs.
4) Os 4 pontos cardeais são a direita, a esquerda, em baixo e em cima.
5) A França tem 60 milhões de habitantes entre os quais muitos animais.
6) A 2ª guerra mundial foi um período de paz e de prosperidade para a Alemanha.
7) A 11 de Novembro, ao comemorar-se o Armistício da 1ª guerra mundial, o presidente condecora os pais do soldado desconhecido.
8) Na guerra de 1914 a 1918, os soldados morriam várias vezes, primeiro por causa das bombas, e depois porque lhes davam lama para comer.
9) Os rios correm sempre no sentido da água.
10) Um quadrado é um rectângulo que tem um ângulo direito em todos os lados.
11) Um quadrado é um rectângulo um pouco mais curto.
12) O zero é o único número que permite contar até 1.
13) Um septuagenário é um losango de 7 lados.
14) Todos os números pares podem dividir-se por zero.
15) Uma linha recta torna-se curva quando vira.
16) Um compasso utiliza-se para medir os ângulos do círculo.
17) Uma raiz quadrada é uma raiz com 4 ângulos iguais.
18) Os chineses utilizam as suas bolas para fazer contas.
19) Para fazer uma divisão, é preciso multiplicar uma subtracção .
20) O álcool permite tornar a água potável.
21) Uma tonelada pesa pelo menos 100 Kg, se ela for pesada.
22) O desembarque na Normandia teve lugar nas praias de Inglaterra.
23) A primeira guerra mundial fez uma dezena de mortos mas só do lado alemão.
24) As bombas atómicas são inofensivas quando servem para fabricar electricidade.
25) Se não se estragassem, as máquinas não seriam humanas.
26) Um relógio divide-se em 12 fusos horários de igual intensidade.
27) Arquimedes foi o 1º a provar que uma banheira podia flutuar.
28) A datação com o carbono 14 permite saber se alguém morreu na guerra.
29) No cinema mudo, os actores falavam com palavras que escreviam por baixo dos filmes.
30) O cinema era uma energia ainda desconhecida no século XIX.
31) Um litro de água a 20ºC + um litro de água a 20ºC = 2 litros de água a 40ºC.
32) Os agricultores, nem sempre foram pessoas coléricas que queimavam pneus e batatas.
33) Uma língua morta é uma língua que só é falada pelos mortos.
34) Victor Hugo escrevia livros para os pobres miseráveis.
35) Em todos os quadros pintados vê-se bem que Napoleão escondia a sua grande barriga com a mão.
36) A gramática não serve para nada porque é muito difícil de perceber.
37) Napoleão é sobrinho do seu avô.
38) Antes da guilhotina, os condenados à morte eram executados na cadeira eléctrica.
39) A guerra dos 100 anos durou de 1914 a 1918.
40) Uma biblioteca é como um cemitério para os livros velhos.
41) Nero servia-se dos cristãos para fazer lâmpadas, ateando-lhes fogo.
42) A leitura permite ao homem tornar-se míope...
43) Os latinos falavam o grego antigo.
44) A leitura é feita para aqueles que não gostam de escrever.
45) O livro de bolso foi inventado por Gutenberg.

E NOS BOLETINS ESCOLARES, ESCRITOS PELOS PROFESSORES:
'Chegou ao fundo, mas continua a escavar....
' 'Em progressos rápidos para o zero absoluto!
' 'Tem as pretensões de um cavalo de corrida e os resultados de um burro.'
'Participa muito... No bom ambiente da turma.'
'Por vezes volta-se para olhar para o quadro.'
'Dorme na aula, sobre o teclado ou o tapete do rato, segundo a urgência.'
'Só acorda para ir tomar café ao intervalo.'
'Alguns progressos, mas continua nulo.'
'Por vezes deixa de ir tomar café para ir às aulas.'
'Faz enormes esforços... Para se aproximar da janela.
' Num boletim de 12º ano: 'Sabe ler, em breve saberá escrever.'
(recebido por correio electrónico )

Passou de ano com uma única positiva

A notícia já não é nova mas continua actual. O Expresso do dia 23 de Agosto conta a história do Luís, 15 anos, que já mudou várias vezes de escola e chumbou a oito das nove disciplinas curriculares do 6º ano de escolaridade. Só passou a Educação Física. Apesar deste resultado, passou para o 7º ano e está inscrito noutra escola vizinha. Aconteceu na EBI 2,3 Vasco Santana, em Odivelas, e não é caso único no país.
E assim se vai construindo a grande mentira. Só não se percebe como é que MLR continua a dizer que, em Portugal, há muitos chumbos. Só quem não conhece as estatísticas de educação pode afirmar uma coisa dessas.

Tuesday, August 26, 2008

Entrevista de Sisa Vieira ao JN

Siza Vieira deu uma entrevista ao jornal DN, destaco da mesma este pequeno excerto, que é uma pedra no charco e reveladora de algumas das manobras dos concursos públicos.
Por razão profissionais, assisti e acompanhei muitos com cursos públicos, embora sem provas, sempre tive a sensação, para não dizer a certeza, que muita coisa se resolvia por debaixo da mesa. Não foram poucas as vezes que propostas foram admitidas mesmo quanto tinham erros grosseiros ou os outros concorrentes provavam que os preços eram abaixo dos custos. O sistema, com o novo Código tornou praticamente impossível a investigação dos crimes de colarinho branco e nestas coisas dos concursos, ninguém tem coragem de denunciar, sob pena de não ganhar mais nenhuma “obra”.
Não é fácil ser-se arquitecto em Portugal?
O acesso ao trabalho dos mais novos é difícil e não deixa de ser triste que quando uma pessoa está cheia de energia tenha dificuldade em obtê-lo. Quando já está a necessitar de um ritmo diferente começa a aparecer trabalho, o que resulta numa distribuição muito desigual. E depois há os concursos, mas os resultados destes também acho que não têm sido especialmente bons. Quer dizer que os resultados são viciados?
Eu não lhe chamo viciados mas há uma coisa que se verifica internacionalmente: como é obrigatório fazer concurso para as obras públicas, acontece com muita frequência que os políticos de determinada cidade queiram o arquitecto X para a pôr no mapa e usem os protagonistas de qualidade para o projecto e ao mesmo tempo para o show necessário. Então, se é importante a cidade ter esse arquitecto X, mas como é obrigada a fazer um concurso, chama outros também, mas ganha o escolhido pela cidade. Isso é frequentíssimo.
Também se sente usado nesses processos de escolha por parte dos políticos? Eu agora não faço concursos. Já os fiz e fiquei desencantado porque uma coisa é que o que se apresenta - tem de ser com grande impacto visual, embora possa não corresponder a uma solução correcta - e serve para ganhar o concurso mas depois o que realmente se projecta é refeito - serviu para impressionar - e já não é nada daquilo. Neste momento não faço concursos por essa razão mas também porque não tenho dificuldade de acesso a trabalho.

Uma diarreia de fichas de avaliação e um excesso de itens de classificação e de fontes de dados

( retirado do blog ProfAvaliação )

A leitura do artigo 44º do Decreto-Lei 15/2007 mostra como o processo de avaliação de desempenho é complexo e burocrático. É necessário o cumprimento de 6 fases distintas, sendo as primeiras três fases associadas ao preenchimento de fichas de avaliação normalizadas e de grande complexidade.
Artigo 44.oProcesso de avaliação do desempenho
1—O processo de avaliação do desempenho compreende as seguintes fases:
a) Preenchimento de uma ficha de avaliação pelo coordenador do departamento curricular ou do conselho de docentes respectivo;
b) Preenchimento de uma ficha de avaliação pelo presidente do conselho executivo ou pelo director da escola ou agrupamento de escolas;
c) Preenchimento pelo avaliado de uma ficha de auto-avaliação sobre os objectivos alcançados na sua prática profissional, na qual identificará a formação contínua realizada;
d) Conferência e validação dos dados constantes da proposta de classificação, quando esta apresente as menções de Excelente, Muito bom e Insuficiente, pela comissão de coordenação da avaliação;
e) Entrevista dos avaliadores com o avaliado para conhecimento da proposta de avaliação e apreciação do processo, em particular da ficha de auto-avaliação;
f) Reunião conjunta dos avaliadores para atribuição da classificação final.
E repare-se agora na quantidade de elementos informativos exigidos pelo ponto 3 do artigo 45º (itens de classificação):
3—A classificação dos parâmetros definidos para a avaliação do desempenho deve atender a múltiplas fontes de dados através da recolha, durante o ano escolar, de todos os elementos relevantes de natureza informativa, designadamente:
a) Relatórios certificativos de aproveitamento em acções de formação;
b) Auto-avaliação;
c) Observação de aulas;
d) Análise de instrumentos de gestão curricular;
e) Materiais pedagógicos desenvolvidos e utilizados;
f) Instrumentos de avaliação pedagógica;
g) Planificação das aulas e instrumentos de avaliaçãoutilizados com os alunos.
São sete as fontes de dados exigidas pela legislação que obrigarão os professores a dedicarem centenas de horas de trabalho por ano a recolherem e a tratarem os dados e elementos exigidos pelas alíneas "a" até "g". Com a nova legislação sobre aposentação, a carreira dos professores passará a ser superior a 40 anos. Se multiplicarmos as centenas de horas anuais que os professores têm de dedicar a recolher dados e a preencher papelada pelos 40 anos de carreira, teremos um retrato assustador daquilo que os espera. Serão, provavelmente, cerca de dois anos de vida a recolher dados e a preencher papéis inúteis.
Apesar de todo o Decreto-Lei 15/2007 merecer recusa na totalidade, há alguns artigos que, pela insensatez e inutilidade, têm de ser alterados o mais depressa possível. É o caso do artigo 45º. Das 7 fontes de dados descritas pelo ponto 3 do artigo 45º, apenas as alíneas "a", "f" e "g" são úteis e necessárias. Todas as outras alíneas estão ali apenas para complicar.
(publicado no blog ProfAvaliação )

Monday, August 25, 2008

Sobre os resultados dos portugueses nas Olimpíadas

É a Educação Estúpidos
por Mário Crespo

"(...) Pinto de Sousa faria bem em oferecer à ministra da Educação e ao secretário de Estado do Desporto placas com os aros olímpicos de ouro onde, como Clinton fez por causa da economia, se lesse - É A EDUCAÇÃO, ESTÚPIDOS.(...)" (Idem)

Thursday, August 21, 2008

Os portugueses confiam mais nos professores de que nos políticos

O estudo desenvolvido pela GFK para o “Wall Street Journal” não trazendo nada de particularmente inesperado face a estudos anteriores, merece algumas notas. Comecemos pelo lado menos positivo.
Os portugueses confiam muito pouco em políticos, grandes empresários, banqueiros e publicitários. Se bem repararmos, os três primeiros grupos profissionais constituem a elite que mais influencia a nosssa vida colectiva, com o resultado bem conhecido e sofrido, daí a desconfiança. A falta de confiança nos publicitários, parece sugerir que estes são entendidos como os vendedores das ilusões que os outros três grupos procuram criar e que já não queremos, podemos, comprar.
Por outro lado, a forte confiança nos bombeiros parece mais um significativo SOS no sentido de que possam apagar os fogos que todos os dias se levantam, e que tragam ajuda e reanimação a quem mal se sente. A confiança nos carteiros parece sugerir uma resposta emocional reactiva ao propagandeado choque tecnológico e, provavelmente, sublinhar a presença enorme dos carteiros na vida dos portugueses pois são estes profissionais que trazem, para muita gente, os ansiosamente esperados vales e cheques de reformas, pensões e subsídios de origem variada. Finalmente, a confiança nos professores indicará que, primeiro, a opinião pública nem sempre coincide com a opinião publicada, segundo e mais importante, existe confiança no futuro, pois são os professores (educadores em geral) que, em larga medida, o preparam.
Oiçam o povo, às vezes tem razão.

Insegurança

Já começa a ser regra ligar o rádio de manhã e ouvir, todos os dias, uma nova situação de âmbito criminal. E agora sempre com algo de novo.

Hoje foi o assalto por 4 encapuzados na Estação de Serviço da Auto Estrada Lisboa - Cascais. "Curiosamente", horas antes, não muito longe, 4 indivíduos de cara tapada roubaram, através de carjacking, um BMW.

Ontem algo até agora só visto em filmes. Em plena Auto Estrada Lisboa - Algarve, uma carrinha de valores é abalroado por 3 carros de alta cilindrada. Depois de parar a porta é aberta através de explosivos. Os assaltantes levaram todo o dinheiro e conseguiram fugir.

Há poucos dias um jovem é assassinado na própria casa, na Quinta do Mocho, por um grupo de outros jovens. Ouviram-se algumas declarações de residentes que diziam ser "normal" estes desacatos no final de umas festas.

Fortemente mediático, acompanhado em directo pelas televisões, foi a tentativa de assalto à agência do BES em Campolide, com reféns e que só terminou com intervenção policial, tendo um assaltante sido morto.

Mesmo com esta situação, nos dias seguintes, mais assaltos a bancos aconteceram. E ficou-se a saber que as estatísticas apontam para uma média de 4 assaltos a agências bancárias por semana.

E não nos podemos esquecer das imagens do tiroteio em plena rua, na Quinta da Fonte, numa mistura de farwest com Faixa de Gaza.

De Loures também chegou a noticia macabra do pai que leva um filho de 12 anos para um assalto. Filho que veio a morrer na intervenção policial.

E por falar em idade, foi noticia recentemente um assalto a um supermercado, à mão armada, por 3 jovens. Um deles tinha 14 anos.

Convém lembrar que também não faz muito tempo da série de mortes na zona do Porto, num suposto arranjo de contas entre gangs que "controlam" a noite.

Estes são alguns exemplos do estado da nação em termos de insegurança.

A cada dia que passa são mais noticias. A cada noticia um caso repleto de novas metodologias.

Neste momento só se sente em segurança quem contribuiu para a insegurança!

Que medidas para contornar este estado de coisas?

Ao nível da Administração Interna? Claro que sim! E rápido.
Na Justiça? Certamente. Nem que seja para anular pseudo reformas recentes.
Mas não esquecer a Educação, a Economia o Emprego e outras Politicas Sociais.

Wednesday, August 20, 2008

Governo pretende controlar poder judicial

Juízes denunciam controlo político da magistratura
Cavaco Silva recebeu uma denúncia de um grupo de juízes, liderado por um magistrado do STJ, que acusa o Governo de Pinto de Sousa de ingerência no poder judicial. O documento fala de um plano de conspiração maquinado pelo Executivo para ‘apagar’ a independência dos magistrados“O fim último visado por este plano é o controlo total dos juízes e dos tribunais”. Que plano? Controlar o poder judicial através das leis. Por quem? Pelo Governo de Pinto de Sousa.
A denúncia é feita por um grupo de magistrados judiciais, liderado pelo juiz jubilado do Supremo Tribunal de Justiça, Florindo Pires Salpico, que resume, num documento de 61 páginas, entregue a semana passada a Cavaco Silva, a responsabilidade deste executivo pelas falhas do sistema judicial.
“Medidas que usurpam o poder judicial, mediante esquemas políticos e jurídicos, tendentes a seleccionar e a condicionar os juízes, e a independência dos seus julgamentos, tornando intocáveis certas categorias de pessoas pelo seu poderio político ou financeiro”, pode ler-se no documento, divulgado este sábado pelo semanário Expresso, intitulado “Graves Ingerências do Poder Político na esfera do poder judicial”.
E isto passa-se com o que é um órgão de soberania, equivalente na distribuição e separação de poderes, ao parlamento e ao próprio Governo. Mas a tentação tentacular é enorme.

Tuesday, August 19, 2008

DGRHE esclarece horários

( publicado no blog ProfAvaliação de Ramiro Marques ).

Perguntas e respostas sobre horários e distribuição de serviço nos 2º, 3º Ciclos e Ensino Secundário (Website da DGRHE):
- Nas necessidades residuais posso solicitar horários temporários? Substituição de docentes doentes, etc.
RESPOSTA-- Não. Nas necessidades residuais só podem ser pedido horários de duração anual. Os horários temporários devem ser pedidos nas cíclicas.
- Como é feita a hierarquização, para efeitos de distribuição de serviço, dos professores dentro dos grupos disciplinares?
RESPOSTA- A distribuição de serviço é competência da Direcção Executiva da escola/agrupamento, devendo pautar-se por critérios pedagógicos, possibilitando ainda um bom aproveitamento dos recursos humanos.
-Num horário de matemática posso incluir 4h de apoio no âmbito do plano da matemática?RESPOSTA- Desde que essas horas estejam autorizadas, pode.
-Um professor do quadro de escola ou de zona pedagógica do 3º ciclo pode completar o seu horário com horas do 2º ciclo?
RESPOSTA-Pode, caso contrário ficava com horário com insuficiência de tempos lectivos. No entanto é preciso garantir que o docente tem formação que lhe permita leccionar essa disciplina.
- Temos docentes que solicitaram aposentação, pode pedir-se já a sua substituição?
RESPOSTA- - Não. Tal só deve acontecer quando tiver a confirmação da sua aposentação.
- As horas destinadas a horários que serão ocupados por docentes contratados com direito a renovação devem ser indicadas na aplicação?
RESPOSTA- - Não. A escola já disse antes que tem componente lectiva para esse docente, logo esse horário não vem a concurso.
- A escola pretende pedir um professor para um horário de português/francês de 3º ciclo e secundário. Deverá pedir as horas no grupo 300 ou 320?
RESPOSTA-- Deve atribuir as horas de Francês a um professor que já esteja na escola e pedir o horário no grupo 300. Deste modo, garante a colocação de um docente com habilitação para tal. Caso contrário poderia ser colocado um docente sem habilitação para um dos grupos.
Comentário
Como se pode verificar, a tendência vai no sentido de os professores serem pau para toda a obra. Com a desvalorização das funções lectivas em marcha acelerada, o ME entende que os professores podem leccionar em vários ciclos e em vários grupos de recrutamento. Tudo a bem da racionalização dos recursos humanos, não é? E repare-se como o PCE/Director tem vindo a ganhar carta branca na hierarquização dos professores para efeitos de distribuição de serviço dentro dos grupos de recrutamento. É claro que isto se destina a premiar os adesivos e a meter medo aos insurrectos e insubmissos.
A pouco e pouco, e em nome da racionalização dos recursos e na ideia de que o professor pode leccionar tudo e qualquer coisa, os docentes serão obrigados a completar os seus horários com aulas a apoios educativos em várias escolas do agrupamento, da zona pedagógica e de qualquer ciclos de estudos. É esse o corolário da política de desvalorização das funções lectivas levada a cabo na sequência da aplicação dos artigos 35º e 45º do Decreto-Lei 15/2007. Por mais voltas que se dê, vamos sempre parar aos artigos 35º e 45º. É por isso que os sindicatos têm de concentrar o processo negocial e a luta na revogação desses dois artigos do ECD.
Qual é a sua opinião?
( publicado no blog ProfAvaliação )

Monday, August 18, 2008

Propaganda

Pinto de Sousa foi inaugurar um call-center e aproveitou para disparar algo que para além de propaganda, é manifestamente falso: «descontados os empregos que se perderam, e os empregos que se criaram, o saldo é positivo em 133 mil novos empregos».

Se o saldo fosse positivo, o desemprego, segundo fonte do INE, não tinha aumentado de 7,2% para 7,3, teria sim baixado, pelo menos 3%!

Mas estes excessos surreais de nosso PM são de tal maneira habituais - veja-se a mesmíssima patranha que fez com o "Magalhães" ou com aqueles alunos que "voluntariamente" foram pagos para aparecer na fotografia - que parecem já não ser passíveis de crítica. E de alguma forma não deixa de ser verdade!

É que o problema principal, é terem confiado na primeira das mentiras: a criação de 1500 postos de trabalho!

O Estado, o governo, como preferirem, a não ser com a criação de "jobs for the boys" para amigalhaços ou engordando as suas fileiras de funcionalismo público - ambos os casos extremamente indesejáveis - nunca poderá ser capaz criar emprego que seja!

Portanto, a primeira das mentiras, aquela onde os portugueses colocaram a cruz em maioria, é a responsável por todo este à vontade para "pintar a manta". Quem votou, sente-se agora enganado, mas a mentira foi lançada já há uns tempos!

Artigo 35º do D.L. 15.2007 desvaloriza as funções docentes

( retirado do Blog ProfAvaliação de Ramiro Marques )

Puxo de novo para a discussão o post que deu início ao debate sobre os pontos críticos da função docente, de forma a recentrar a avaliação do desempenho do professor na sua mais nobre missão: o ensino.
Convido os colegas a tomarem a palavra e a opiniarem sobre quais são as funções do professor sobre o que deve incidir a avaliação de desempenho.
O artigo 35º do Decreto-Lei 15/2007 é a chave que permite compreender o verdadeiro objectivo do novo ECD: estrangular a carreira docente, empobrecer os professores, desfigurar a profissão docente e aumentar exponencialmente os ritmos de trabalho e a carga horária semanal dos professores. A colega Maria Lisboa enviou-me um esquema que explica muito bem a relação existente entre o acumular das funções prescritas pelo artigo 35º e o tempo dos professores. A leitura do documento permite-nos chegar às seguintes conclusões:
1. 71% das funções prescritas no artigo 35º exigem a realização de reuniões.
2. 86% das funções são exercidas fora da sala de aula.
3. 58% das funções exercidas fora da sala de aula nada têm que ver com as funções lectivas.
4. Apenas 29% das funções não exigem reuniões.
5. As actividades relacionadas com a preparação, implementação e avaliação das práticas lectivas representam apenas 43% das funções docentes (alíneas "a", "b", "c", "d", "g" e "h" do artigo 35º).
6. Do elenco das 14 funções gerais, apenas 6 se relacionam com a prática lectiva, sendo que apenas 4 delas se executam na sala de aula.
7. Das funções docentes, apenas 7% são directa e objectivamente direccionadas para o exercício de actividades em contexto de sala de aula. As restantes funções (93%) implicam a utilização de espaços e tempos que não os de aula.
(Realizado com base no documento preparado pela colega Maria João Fernandes).
Sugiro uma leitura atenta do documento preparado por Maria João Fernandes para se compreender melhor a monstruosidade do artigo 35º e de como a sua aplicação está a impedir os professores de prepararem e realizarem as actividades lectivas. A leitura do documento permite-nos verificar que a aplicação das 20 alíneas do artigo 35º, cada uma com uma ou mais funções docentes específicas, obriga os professores a um horário de trabalho que ultrapassa as 40 horas semanais. Os sindicatos devem centrar a luta na revogação do artigo 35º porque esse artigo é a mãe de todas as injustiças. É graças a ele que foi possível criar um modelo de avaliação de desempenho altamente burocrático, consumidor de tempo em tarefas não lectivas, injusto e gerador de parcialidades e perseguições de natureza pedagógica, ideológica e política.Em conlusão, podemos perguntar:Considerando que os professores têm marcadas no seu horário semanal de trabalho as componentes lectiva e não lectiva e trabalho na escola, onde estão as horas para a realização das inúmeras reuniões e actividades associadas inerentes ao exercício das funções previstas no ECD?
Convém ter presente que 71% das funções docentes prescritas no artigo 35º do ECD exigem reuniões.Continuarei ao longo do dia de hoje e dos próximos dias a analisar as implicações extremamente gravosas do artigo 35º do Decreto-Lei 15/2007, no sentido de tentar mostrar que é esse artigo que está a destruir a profissão docente e a impedir que os professores desempenhem a sua missão: ensinar. Gostaria de ouvir a opinião dos colegas sobre esta questão. Convido os colegas a divulgarem exemplos de como o excesso de funções burocráticas está a impedir o exercício das funções lectivas.

( retirado do blog ProfAvaliação de Ramiro Marques )

Sunday, August 17, 2008

Wagner 2007



Nina Stemme na produção de Nikolaus Lenhoff de Tristão e Isolda para o Festival de Glyndebourne de 2007. Quatro horas magníficas de emissão no canal Mezzo para redimir o horrível mês de Agosto.

Saturday, August 16, 2008

Em Setembro, 150 mil professores vão entrar em estágio

A partir de Setembro, teremos 150 mil professores a fazer estágio. Quem se lembra do estágios - eu fiz a profissionalização em serviço, em 1983 - sabe que os alunos são extremamente sensíveis à situação do professor que está a ser avaliado por outro professor. Essa situação fragiliza o professor aos olhos dos alunos e dos pais. As pressões que uns e outros irão fazer sobre os professores que estão a ser avaliados serão enormes e de consequências incalculáveis. No limite, o ensino vai tornar-se um enorme mentira com os professores a serem pressionados para darem as notas que os pais esperam e exigem para os seus filhos. Esta questão assumirá proporções alarmantes no ensino secundário, com particular relevância nas disciplinas que contam como provas de ingresso ao ensino superior. Na Matemática, Física, Química e Biologia, disciplinas que entram como provas de ingresso para Medicina, Ciências Farmacêuticas, Enfermagem e Tecnologias da Saúde, as pressões dos pais para as notas elevadas serão tantas que os professores não terão outro remédio senão embarcarem no processo de construção da grande mentira, indo aliás ao encontro daquilo que o ME tem feito nos últimos anos. Os problemas de indisciplina vão inevitavelmente aumentar. Os alunos sabem tudo, têm radares. Distinguem de imediato o que cada professor anda a fazer. Se é do grupo "avaliado" ou "avaliador". Nas escolas e nas turmas onde ocorrem, com regularidade, problemas de indisciplina, bullying e violência, assistiremos a dois fenómenos: o aumento real dessas situações e a redução do número de casos participados. Qual é o professor que na situação de estar a ser avaliado quer participar um caso de violência ou de indisciplina?
Os 150 mil professores em situação de estágio, a partir de Setembro, vão estar numa situação bem pior do que aquela que viveram quando eram estagiários: nessa altura, aprenderam alguma coisa; agora, não vão aprender nada e serão sujeitos a humilhações e a pressões que nunca antes vivenciaram. Pior ainda: a partir de Setembro e até ao final das suas carreiras, os 150 mil professores nunca deixarão de estar em estágio. Toda a futura carreira dos 150 mil docentes actuais e de todos os que vierem a ingressar na carreira sujeitá-los-á à situação de estagiários ad eternum.
Nem Maquiavel faria melhor!

Porque não existe TGV na Noruega

Este é o pensamento político que temos , está em todas:

i. Estádios de futebol, hoje às moscas,

ii. TGV,

iii. novo aeroporto.

A quem na verdade serve tudo isto?

Aos construtores de material ferroviário, às grandes empresas de construção civil e aos bancos.

Experimente ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio.Comprado o bilhete, dá consigo num comboio que só se diferencia dos nossos 'Alfa' por não ser tão luxuoso e ter menos serviços de apoio aos passageiros.A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas.Não fora conhecer a realidade económica e social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemáticos pelos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos.Se não os conhecesse bem perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de riqueza.A resposta está na excelência das suas escolas,

· na qualidade do seu Ensino Superior,

· nos seus museus e escolas de arte,

· nas creches e jardins-de-infância em cada esquina,

· nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade.

Percebe-se bem porque não· construíram estádios de futebol desnecessários,

· constroem aeroportos em cima de pântanos,

· nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais.

O TGV é um transporte adequado a países de dimensão continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo.É por isso que, para além da já referida pressão de certos grupos que fornecem essas tecnologias, só existe TGV em França ou Espanha (com pequenas extensões a países vizinhos).

É por razões de sensatez que não o encontramos

· na Noruega,

· na Suécia,

· na Holanda

· e em muitos outros países ricos.

Tirar 20 ou 30 minutos ao 'Alfa' Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhões de euros não trará qualquer benefício à economia do País.Para além de que, dado ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.Com 7,5 mil milhões de euros podem construir-se:

- 1000 (mil) Escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo que substituam as mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas existentes (a 2,5 milhões de euros cada uma);

- mais 1.000 (mil) creches (a 1 milhão de euros cada uma);

- mais 1.000 (mil) centros de dia para os nossos idosos (a 1milhão de euros cada um).

E ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carênciascomo, por exemplo, na urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária.

Nota: Recebido por email com pedido de divulgação

Thursday, August 14, 2008

Publicidade enganosa

Primeiro foram as notícias que davam conta de uma nova fábrica da Intel em Portugal. Um sucesso, garantia-se, que já tinha 4 milhões de encomendas ainda antes de ser instalada a primeira pedra. Um investimento que iria criar 1000 postos de trabalho qualificados, na zona de Matosinhos, graças à diligência do Governo. A apresentação foi ontem. Com pompa e circunstância a imprensa andou dois dias a anunciar o “primeiro portátil português”. O Magalhães é um computador inspirado no navegador, diziam ontem as televisões em coro. Para dar credibilidade à coisa, o mais famoso relações públicas nacional e o presidente da Intel subiram ontem ao palco do Pavilhão Atlântico para a "apresentação mundial" deste computador de baixo custo.

Um único problema. Não só o computador não tem nada de novo como a única coisa portuguesa é a localização da fábrica e o capital investido. A "novidade mundial" ontem apresentada, já tinha sido anunciada a 3 de Abril - no Intel Developer Forum, em Shangai - e foi analisada pela imprensa internacional vai agora fazer quatro meses. O tempo que tem a segunda geração do Classmate PC da Intel, que é o verdadeiro nome do Magalhães. De resto, o primeiro computador mundial para as crianças dos 6 aos 11 anos, características que foram etiquetadas pela imprensa lusa por ser resistente ao choque e ter um teclado resistente à agua, já está à venda na Índia e Inglaterra. No primeiro país com o nome de MiLeap X, no segundo como o JumpPC. O “nosso” Magalhães é isso mesmo, uma versão produzida em Portugal sob licença da Intel, uma história bem distinta da habilmente "vendida" pelo governo para criar mais um caso de sucesso do Portugal tecnológico.

Fábrica da Intel nem vê-la e os tão falados 1000 novos postos de trabalho ainda menos, tudo se ficando por uma extensão da actual capacidade de produção da fábrica da JP Sá Couto. Serão 80 novos empregos, 250 se conseguirem exportar para os Palops. Os tais 4 milhões, que já estavam assegurados, lembram-se? Só que as 4 milhões encomendas não passam de wishful thinking do nosso primeiro. E muito pouco credível. Em todos os países onde o computador está à venda é produzido através de licenças com empresas locais. Como explicou o presidente da Intel, a empresa continua à procura de parceiros locais para ganhar quota de mercado com o Classmate PC, não o Magalhães.

A guerra de Intel é outra, como se pode perceber no relato que um dos mais reputados sites tecnológicos - a Arstechnica, do grupo editorial da New Yorker - faz da apresentação da Intel e do governo português: espetar o derradeiro prego no caixão do One Laptop for Child, o projecto de Nicholas Negroponte e do MIT para destinar um computador a cada criança dos países do terceiro mundo. É essa a importância estratégica para a Intel. O resto é fogo de vista para português ver.