O estudo desenvolvido pela GFK para o “Wall Street Journal” não trazendo nada de particularmente inesperado face a estudos anteriores, merece algumas notas. Comecemos pelo lado menos positivo.
Os portugueses confiam muito pouco em políticos, grandes empresários, banqueiros e publicitários. Se bem repararmos, os três primeiros grupos profissionais constituem a elite que mais influencia a nosssa vida colectiva, com o resultado bem conhecido e sofrido, daí a desconfiança. A falta de confiança nos publicitários, parece sugerir que estes são entendidos como os vendedores das ilusões que os outros três grupos procuram criar e que já não queremos, podemos, comprar.
Por outro lado, a forte confiança nos bombeiros parece mais um significativo SOS no sentido de que possam apagar os fogos que todos os dias se levantam, e que tragam ajuda e reanimação a quem mal se sente. A confiança nos carteiros parece sugerir uma resposta emocional reactiva ao propagandeado choque tecnológico e, provavelmente, sublinhar a presença enorme dos carteiros na vida dos portugueses pois são estes profissionais que trazem, para muita gente, os ansiosamente esperados vales e cheques de reformas, pensões e subsídios de origem variada. Finalmente, a confiança nos professores indicará que, primeiro, a opinião pública nem sempre coincide com a opinião publicada, segundo e mais importante, existe confiança no futuro, pois são os professores (educadores em geral) que, em larga medida, o preparam.
Oiçam o povo, às vezes tem razão.
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