Monday, February 14, 2011

O mar por um canudo

Portugal tem duas fronteiras. A marítima, que em tempos idos nos proporcionou venturas, e a terrestre com Espanha que facilitou a perda da soberania na ordem externa a partir de 1580. Este "dado" histórico foi recentemente actualizado e a fronteira terrestre praticamente desapareceu, prolongando-se até à Alemanha. Aliás, ambas as soberanias, interna e externa, fora os ademanes institucionais decorrentes do exercício do voto, apresentam-se mais retóricas do que outra coisa qualquer. A costa portuguesa deu-nos, por consequência, muitas alegrias até o governo de José Pinto de Sousa, pela mão do iluminado Pinho, lembrar-se das pacóvias manobras de propaganda que respondem pelo nome de "west coast" e "allgarve". Com isto, a dita costa passou a ser vista mais como a "ocidental praia" da Europa centrada na Alemanha e menos como um país a ser levado a sério. O tropismo começa logo na própria costa e cá dentro de casa. Sabe-se agora que o governo desligou os radares de vigilância de costa e que a mesma é assegurada por cinquenta binóculos e vinte câmaras portáteis. Tanta "modernidade" e é preciso olhar o mar por um canudo. É a tragédia de um "choque tecnológico" ridículo que, sem mais, acaba morto na praia.

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