Tuesday, May 17, 2011

O caso Dominique Strauss-Kahn

A percepção com que este caso tem sido encarado pela opinião publicada em Portugal diz muito sobre o sistema de justiça... português. Atendamos ao número de artigos que já vieram a público sobre teorias de conspiração, se o director do FMI será mesmo inocente ou até sobre o tratamento que lhe tem sido dado pela justiça americana. Em Portugal as pessoas genuinamente não confiam na justiça, e por isso, quando surge algum caso deste género que envolve pessoas poderosas, logo são lançadas grandes dúvidas sobre legitimidade do processo para a arena mediática. Ainda por cima, Strauss Kahn é socialista, o que o favorece imenso perante uma comunicação social que tende a ter simpatia por potenciais criminosos socialistas. Num país como o nosso, onde os poderosos que cometem crimes normalmente conseguem manter um status diferente do criminoso comum, grande parte da comunicação social não percebe como se pode algemar um todo-poderoso como DSK. O que em Portugal, e em certa medida na Europa, não se percebe, é que nos Estados Unidos a justiça é igual para todos. Com as suas limitações, os seus erros e até as suas injustiças. Mas funciona de igual modo para todos, sejam eles estrelas de televisão como Martha Stewart, poderosos políticos como o antigo Speaker Tom DeLay ou milionários influentes como Jack Abramoff. Se são apanhados a cometer um crime, nem que seja de evasão fiscal, a justiça actua perante eles. E é assim que deve ser.

DSK pode ser inocente ou culpado. Obviamente não sei responder a esta pergunta. Mas o que sei é que nos Estados Unidos ninguém estará a questionar a sua prisão, porque as pessoas têm confiança no seu sistema de justiça. Em Portugal, e apesar de ser um caso que não nos diz propriamente muito, questiona-se tudo. Isso porque confundem a justiça americana com a nossa.

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