Cavaco Silva no seu discurso do Ano Novo usou a fórmula do «fez-se alguma coisa, mas, mas, mas», numa estratégia que serve de contrapartida à desmedida auto-complacência do Porreiro-Ministro no discurso de Natal. A mensagem aparente é a de desagrado, apesar dos elogios aos eventos europeus.
Quanto à Educação, foi assim mesmo: há resultados, mas…
Para termos sucesso é preciso unir esforços, melhorar o clima de confiança entre todos os intervenientes no processo educativo.
É preciso assegurar o empenho e a dedicação dos professores, exigir uma participação mais activa dos pais na educação dos filhos, mobilizar as comunidades locais. E não podemos dispensar a exigência para com os alunos.
A parte destacada, para quem assistiu à versão televisionada (pode confirmar-se no vídeo disponível no site) foi aquela em que foi colocado maior ênfase.
Mas o que vem antes retoma o discurso do 5 de Outubro.
Quanto ao que veio a seguir, acaba por abalroar o governo pelo lado das preocupações sociais que tanto Sócrates tenta apresentar como suas. Duas passagens algo demolidoras:
Apesar disso, e do esforço do Estado na área da protecção social, não podemos deixar de nos inquietar perante as desigualdades na distribuição do rendimento que as estatísticas revelam.Sem pôr em causa o princípio da valorização do mérito e a necessidade de captar os melhores talentos, interrogo-me sobre se os rendimentos auferidos por altos dirigentes de empresas não serão, muitas vezes, injustificados e desproporcionados, face aos salários médios dos seus trabalhadores.(…).O acesso aos cuidados de saúde é uma inquietação de muitos Portugueses. Não estão seguros de que os utentes, principalmente os de recursos mais baixos, ocupem, como deve ser, uma posição central nas reformas que são inevitáveis para assegurar a sustentabilidade financeira do Serviço Nacional de Saúde.Seria importante que os Portugueses percebessem para onde vai o País em matéria de cuidados de saúde. Poderiam, assim, avaliar melhor aquilo que tem sido feito.
Cavaco Silva mostrou-se assim sensível ao novo-riquismo que ainda é exibido por aí apesar da crise e avisou quanto ao rigor na aplicação das verbas que vão chegar da UE. O tom não parece ter sido encarado como de elogio ao Governo.
Tuesday, January 01, 2008
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