Thursday, June 12, 2008

Ler o presente sustentado na História

Não deixa de ser curioso, até mesmo irónico e profundamente justo, comparar o governo trabalhista britânico que no início da década de 70 do século passado foi derrubado pelos sindicatos mineiros, com o governo do partido socialista que, nos dias que correm, se arrisca a ser derrubado pelos pequenos empresários (das pescas, dos transportes e o que mais se verá até 2009). Pinto de Sousa é um neoliberal que se apoderou do PS e vem impondo políticas económicas e sociais que nunca a direita conseguiria aplicar em Portugal. Irá morrer às mãos dos destinatários dessas políticas e do seu modelo de capitalismo popular que fracassará aqui como fracassou noutros países em que foi tentado.
Baptista Bastos (que bem poderia perguntar a Sócrates e Cavaco onde é que andavam no 25 de Abril), escreve a este propósito um excelente crónica no DN, com o título SOCIEDADE PERTURBADA, da qual deixo um pequeno excerto:
«Pescadores parados, milhares de camiões estacionados, duzentas mil pessoas em desfile protestatário, a Igreja a dar inequívocos sinais de incomodidade, através de declarações veementes de D. Manuel Clemente e de D. Manuel Martins, pronunciamentos políticos de diversos sectores - eis a representação de uma sociedade perturbada.
Sócrates não conseguiu dar resposta aos problemas mais rudimentares. Um homem novo, incapaz de proceder à evicção do que é antigo, cediço, bafiento, praticante da cartilha de Milton Friedman, experimentada no Chile de Pinochet e um pouco por todo o mundo - com sangrentos rastos de miséria, morte e desespero. Não tenhamos receio das analogias. A História é uma comparação permanente. E aqueles que a não conhecem estão condenados a repeti-la

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