Pouco antes do 25/4 já éramos uma espécie de D. Quixote, depois passámos a ser o Sancho Pança, e agora cada vez mais nos parecemos com o simpático burrito.
Aqui há uns tempos, já havia uns 30% de portugueses que queriam ser espanhóis (sondagem publicada no semanário Sol).
Amanhã essa percentagem poderá aumentar.
No entanto, antes dessa percentagem passar a maioria absoluta, era bom parar para pensar.
Um território com uma língua, uma cultura, uma religião, uma história que se espalhou pelos 5 cantos do Mundo, um clima invejável, e um povo que no dia da revolução se limitou a pôr uns polícias em cuecas, é um território maravilhoso.
Napoleão foi varrido da Europa a partir de Torres Vedras, Cristo “chegou” á Índia e ao Brasil a bordo das nossas caravelas, foram uns simples pastorinhos que puseram Fátima no mapa do mundo, Setúbal deu á luz o melhor treinador de futebol da actualidade etc. etc.
Motivos de orgulho não faltam!
Mas falta uma dose mínima de bom-senso!
Sabemos que convivem hoje em Portugal meio milhão de desempregados com 150.000 imigrantes estrangeiros que fazem aquilo que os portugueses faziam há 30 anos mas que já não querem fazer, sabemos que no parlamento pouco mais se faz do que traduzir normas comunitárias, sabemos que a justiça é fraca com os fortes e forte com os fracos, sabemos que é um absurdo pagarmos todos os anos 300 euros de manuais escolares, como se a história e a matemática mudassem todos os anos, sabemos que é um absurdo a quantidade de novas urbanizações que não param de crescer por todo o lado, sabemos que é um absurdo a existência de 1.800 ou mais cursos superiores num país sem saídas profissionais, e com mais de 100.000 licenciados no desemprego, sabemos que é um absurdo ministros com equipas de 136 pessoas ás suas ordens directas (quando o super comissário europeu da Agricultura Franz Fischler que geria um orçamento muito superior ao de Portugal, trabalhava com uma equipa de 20 e poucos funcionários), sabemos que é um absurdo arderem todos os anos centenas de hectares de floresta, quando há pouco mais de 30 anos não ardia nem um centésimo daquilo que arde hoje, sabemos que é um absurdo não termos hoje no centro de Lisboa um metro quadrado limpo de “grafitti”, a Portela com as suas 2 pistas cruzadas também é um absurdo, a Ota ia sendo outro, e o TGV é como querer por uma estação da Carris na lua.
Para rematar convém não esquecer que Portugal é hoje o país mais desigual da Europa comunitária (sendo os mais iguais a Suécia e Dinamarca), sendo também triste de constatar que Malta ou a República Checa já nos ultrapassaram.
Tudo isto porquê?
Porque tivemos aqui uma chuva de euros que fez o burrito pensar que era o D. Quixote.
Era bom que os dinheiros comunitários parassem, que o Banco Central Europeu subisse a taxa de juro para 10%, e que os espanhóis se fossem embora.
Para onde nos virávamos?
Era bom ir pensando nisto, antes de ficarmos definitivamente “incapacitados de sermos até rebocados” como dizia há anos a Drª Manuela Ferreira Leite.
O ódio aos patrões é perigoso para a economia e o ódio aos políticos é perigoso para a democracia.
Políticos e sindicatos, pensem nisto!
Monday, June 09, 2008
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