Tuesday, March 25, 2008

Cerco e fausto

O síndroma de cerco de José Sócrates leva-o a rarear as aparições públicas e, nos últimos tempos, com o agudizar da contestação na saúde e nas escolas, até a aparecer apenas onde não existe a possibilidade de assistência popular. Trata-se de um fenómeno que tem afectado os líderes das potências mundiais, cercados pela ubíqua provocação dos ecologistas radicais e anarquistas anti-globalização, que os forçou a destinar verbas e recursos para causas "politicamente correctas".No caso do Governo Sócrates, o primeiro-ministro sabe o efeito perigoso do contágio de uma vaia pública. A última vaia sonora, em 18-1-2008 em Braga na Cimeira Ibérica, que não pôde reduzir a comunistas organizados, levou-o a demitir o ministro da Saúde - António Correia de Campos. Sócrates, que tenho dito ser moralmente frágil, apesar das cóleras repentinas e fugazes, não suporta a contestação directa. Tem aguentado a ministra da Educação porque as organizações sindicais, por tacticismo do controleirismo político, concentram em Maria de Lurdes Rodrigues as suas críticas, aliviando a pressão sobre o líder do Governo.Ontem, 24-3-2008, de manhã, qual actor da noite dos óscares, lá esteve em Leiria, no nó da auto-estrada A-8, o primeiro-ministro em mais um evento hollywoodesco, com filmes, música, cenografia meticulosa, tenda grande, aquecedores de ambiente (!...), polícia omnipresente, num lugar sem acesso do povo - regra que, creio, só violará se souber que tem a assistência controlada. Quando mais cercado, mais fausto...Já agora, não consigo entender , num país em que se fecham hospitais e escolas por falta de dinheiro, é conveniente apurar quanto custam estes eventos do tour de pré-campanha que José Sócrates iniciou a ano e meio das eleições de 2009. A factura até pode ter um destinatário próximo, como a empresa ou serviço a que vai, mas sabe-se que quem paga acaba sempre por ser o cidadão, pois não há almoços grátis. Por isso, fica a pergunta: quando custam estes espectáculos?

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