Em primeiro lugar, o professor é refém da sociedade que, em menos de 3 décadas, deixou de valorizar o “ser” para valorizar o “ter”. Hoje, a sociedade desvaloriza o saber e a ética e, por conseguinte, o papel da escola e do professor. A actual sociedade do consumismo e do imediatismo valoriza, sobretudo, os bens materiais. O que importa é vencer na vida sem ter que “suar a camisola” ( vemos alguns elementos na classe politica que só tiveram cargos no partido e no Governo, nunca trabalharam na Sociedade Civil, nunca tiveram cursos de gestão e governam o País e têm fraca cultura humanistica e filosófica, são autistas e têm pouca sensibilidade social ). Na teoria afirma-se que a educação é a prioridade mas, na prática, há um endeusamento do que é fácil e dá prazer imediato.(...).
O professor é, também, refém das famílias que nos últimos anos passaram por um processo de desestruturação acentuado. Para os professores, os pais estão a “remar contra a maré” pois adoptaram uma postura muito liberal na educação dos filhos, a qual tem contribuído para acentuar o divórcio entre a família e a escola: “Esse liberalismo interfere na escola na medida em que os alunos passam a ter, quase sempre, todo o apoio da família, mesmo que isso resulte num confronto com as orientações e opiniões da escola.”(...).
Outro aspecto relacionado com as famílias tem a ver com a responsabilidade pela aprendizagem. Antes, se um aluno não aprendia os pais consideravam os filhos como os principais culpados. Hoje, se um aluno não aprende a culpa é, em regra, atribuída ao professor e aos métodos ultrapassados. Subjacente a esta atitude está o mito “se o professor é bom qualquer aluno aprende”. Acontece que “para aprender é necessário que o aluno esteja motivado, que estude, faça os trabalhos e se esforce. Só aulas maravilhosas não bastam.”O estudo de Tania Zagury conclui, ainda, que o professor é refém das políticas educativas, da sua formação e da sua consciência. De políticas educativas equivocadas, porque não há seriedade na maioria das medidas implementadas nem avaliação dos seus resultados apesar dos elevados custos. Da sua formação, porque os professores inquiridos referem que tanto a formação inicial como a contínua são deficitárias face aos desafios de uma escola integrada numa sociedade em profunda transformação social e tecnológica. Da sua consciência porque, apesar da vontade de ensinar, têm a noção clara de que em condições tão adversas será muito difícil conseguir alcançar os objectivos estabelecidos.(...)
Será que os diferentes actores ainda não perceberam que são reféns uns dos outros? No fundo, é a educação que é refém."
Texto muito pertinente e com ideias muito claras e válidas que merece ser lido na íntegra no Blog da Formação
Wednesday, March 26, 2008
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