Sunday, December 28, 2008

Mais propaganda do senhor Sousa


Há coisas, como a tal bebida, que primeiro estranham-se e depois entranham-se. Ser banqueiro deve começar por ser muito estranho. Lidar com dinheiro que nunca se vê deve fazer confusão. Mas depois deve entranhar-se: com a habituação torna-se familiar.

Deve ser pelo que está a passar José de Sousa . Isto é: uma fase difícil. Desde que o socialista Sousa desatou a avalizar, nacionalizar e intervir em bancos o espírito entranhou-se-lhe rápido. Tão rápido que na sua mensagem de Natal não hesitou em rejubilar com um feito do Governo de que ainda ninguém se tinha dado conta, nem provavelmente o próprio.

Criámos as condições para que baixassem os juros com a habitação”, disse, sem tremelique de vergonha nem pudor, o Primeiro-Ministro. Ora, isto deve ter uma explicação. O sr. Sousa vê-se banqueiro pela força dos convívios recentes e por segundos natalícios imaginou-se ou o Deus do mercado, ou, mais provável, o Presidente do Banco Central Europeu para quem com gáudio, felicidade e voto transferiu o poder de comandar a moeda e o crédito em Portugal nos idos de 1992.

Está finalmente decifrado o Código Pinto de Sousa : ele é o verdadeiro banqueiro anarquista. Expliquem-lhe que é só uma boa e prodigiosa história de Fernando Pessoa e não se conhece exemplo concreto, por favor. Poupe-nos, Sr. Engenheiro, às patranhas da propaganda barata.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)

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