Tuesday, July 08, 2008

Em Espanha, foi decretado o congelamento dos salários superiores da admnistração Pública


Nos tempos que correm a informação já não nos chega só pelos jornais, pela rádio ou televisão; vem-nos também pela Internet. Claro que esta última via informativa nem sempre apresenta a fidedignidade das anteriores fontes, contudo, pode ser trabalhada se tivermos o cuidado de salvaguardar a origem e, por conseguinte, a sua verosimilhança.
Vem isto ao caso, porque, há dias, recebi uma mensagem que me dava como certo o facto — que não confirmei — de, em Espanha, Zapatero ter mandado decretar o congelamento dos salários dos funcionários superiores da administração pública, incluindo os dos gestores das empresas dependentes do Estado. A decisão justificava-a ele, dizia-se na mensagem por mim recebida, com base na crise que atravessa a Europa e, também, a Espanha.

Se for verdadeira a notícia trata-se de um bom exemplo a seguir pelo Partido do Governo nacional; se for falsa constitui uma hipótese a equacionar.
Realmente, o Governo não congela os salários dos gestores públicos e privados, porque usa como base o argumento de que poderiam sair do país, e perderem-se, “boas cabeças” as quais fazem falta a Portugal. Ora, este é um fundamento falso, demagógico e estúpido. Vejamos.

Se assim fosse tinha de impedir-se a imigração, pois ela vem ocupar, por preços mais baratos, os empregos dos Portugueses que se vêem na contingência de emigrarem para, lá por fora, encontrarem trabalho melhor remunerado e, até, mais qualificado. Assim, a verdade estaria centrada no facto de, para evitar a fuga de boa mão-de-obra, se limitar a imigração. Se tal não se faz é porque ninguém está, realmente, preocupado com o que acontece aos trabalhadores nacionais. Contudo, o Governo está preocupado, isso sim, com os bons ordenados que se pagam a certos sujeitos que têm influência na nossa praça. A verdade é essa!
É essa, porque não se vê o Governo delinear uma política de retorno ao país de todos os bons “cérebros” que andam lá por fora a ocupar funções de destaque. Não! O que por cá prevalece é a política do compadrio em tudo igual à que se fazia no século XIX quando a democracia era uma treta! Aliás, voltámos à política da treta!
Não se faz saudável política entre nós; prevalece a mentira e a defesa de uma clique económica detentora de altos rendimentos enquanto se vai desfazendo, desmoronando, destruindo uma classe média que sempre teve fracos recursos financeiros.
Hoje, cada vez mais, o tecido social português está em fase de rompimento: de um lado, encontram-se umas quantas, poucas, fortunas que sobrevivem bem em qualquer lado do mundo, mas que continuam a escolher Portugal para daqui levarem grossos e chorudos rendimentos; do outro, acha-se o resto da população que se divide em três grandes sectores: os que ainda têm capacidade de sobrevivência temporária graças a rendimentos muito acima da média nacional; uma larga faixa de média burguesia endividada e, por fim, um imenso amontoado de cidadãos que ronda ou está no limiar da pobreza ou é já pobre.

É inadmissível que, face ao panorama nacional e à crise, se mantenham opíparos pagamentos a gestores públicos e privados, que se permitam emissões televisivas ao longo de 24 horas diárias — há que poupar energia! — que se mantenham iluminados os monumentos e locais públicos em verdadeiro contraste entre a realidade de carência e uma política de fachada, que se não adoptem medidas quanto à circulação automóvel dentro das grandes cidades portuguesas tendentes a gastar menos combustível, que se permitam manter abertos estabelecimentos de diversão para além da meia-noite.

Para enfrentar a crise e gerar poupanças haveria que ser coerente e levar a cabo uma política de contenção. Nada disso se faz, porque o Governo não quer cair em desgraça junto de uma faixa da população disposta ao consumismo a qualquer preço, faixa essa carente de ser educada, mas que, politicamente, é mais vantajoso manter alienada.
Criminosamente o Governo permite que se viva na irresponsabilidade da crise, porque assim não tem de ser impopular e, acima de tudo, não tem de enfrentar todos aqueles que com ela beneficiam.

Em Espanha, a ser real a notícia que referi no início, o Governo socialista parece disposto a tolher o passo a todos quantos podiam passar ao largo da crise. Lá pratica-se, pelos vistos, uma política verdadeiramente nacional. Por cá, afundamo-nos.

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