O colega Simeão Quedas analisa de forma notável a situação dramática de sobrecarga horária dos professores. E aponta os culpados: MLR, VL, JP e os PCEs zelotas. Veja aqui o texto "Sem Tempo Para Respirar".
"São tantas e tão graves as medidas deste governo para degradar as condições de trabalho dos professores que se torna difícil escolher a pior de todas elas. Mas a mais odiosa de todas, tendo em conta o desprezo que revela pela dimensão reflexiva e criativa da actividade docente, é o aumento brutal do horário de trabalho dos professores, que ultrapassa largamente as 35 horas definidas na lei.
Todos sabemos que as aulas implicam um grande dispêndio de energia mental, afectiva e física. O trabalho docente começa antes e prolonga-se para lá de cada aula. Daí que um professor precise de um horário semanal pouco pesado que lhe permita investigar, planificar, produzir materiais de ensino, avaliar, repensar e redefinir o seu trabalho. Nada disto parece impressionar Maria de Lurdes e seus dois muchachos. Pelo contrário, em nome da pseudo ocupação plena dos alunos e do chamado aproveitamento racional dos recursos humanos, querem transformar a escola num armazém de criancinhas e os professores em máquinas para todo o serviço, que saibam de tudo um pouco e muito de coisa nenhuma, numa estratégia clara para diminuir ainda mais o seu reconhecimento social.
A sobrecarga e desregulamentação do horário de trabalho é uma consequência natural deste processo de desqualificação profissional e, simultaneamente, um factor do seu aprofundamento. Com efeito, passou a ser trivial o trabalho descontínuo, sem limite de furos, sem limite de turmas, sem limite de programas, muitas vezes repartido pelas três partes do dia, com reuniões a torto e a direito a propósito de tudo e de nada (71% das funções prescritas no art. 35º do ECD implicam a realização de reuniões), ao que se acrescentam fins de semana inteiramente ocupados na preparação de aulas, correcção de testes e satisfação de minudências burocráticas."
Simeão Quedas
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