Friday, November 07, 2008

Noticia do Diário de Coimbra sobre situação actual da melhor Escola pública portuguesa

Noticia do Diário de Coimbra de sexta, 7 de Novembro de 2008

Pais não querem professores a ver números em vez de rostos

Os pais e encarregados de educação de alunos da Escola Secundária com 3.o ciclo Infanta D. Maria, que obteve, entre os estabelecimentos de ensino públicos, a melhor média na primeira fase dos exames nacionais do ensino secundário realizados por alunos internos, revelaram «não querer ganhar burocratas que esgotam as energias no preenchimento de tabelas, objectivos e planificações», justificando o porquê da preocupação: «É que podem passar a ver números no lugar dos rostos dos nossos filhos».
«Não queremos perder professores disponíveis para os alunos, capazes de os motivar para a aprendizagem com entusiasmo e exigência, fazendo da qualidade das suas aulas o objectivo fundamental do seu desempenho profissional», defendeu a Associação de Pais e Encarregados de Educação (APEE) da Escola Infanta D. Maria, que se disseram «habituados a contar com uma escola organizada, exigente, de clima estável e pacífico, como convém a uma instituição de ensino de referência como esta».
Com o propósito de «chamar a atenção da tutela, dos agentes sócio-educativos e da sociedade civil em geral para a situação preocupante que se vive nesta escola e que julgamos não ser caso isolado no panorama nacional», Isabel Caldeira Aidos, presidente da APEE da Escola Infanta D. Maria, deu conta que «o Conselho Executivo ficou totalmente mergulhado na burocracia», face à «grande quantidade de legislação que, durante todo o ano passado, foi chegando à escola».
Segundo os pais, pelo lado dos professores, «o cansaço e a insatisfação, devido às mudanças que não aprovam ou não compreendem, contaminaram o clima geral, ameaçando parâmetros como a exigência», lamentando, também, «a perda de um corpo docente experiente e estável, uma das garantias de qualidade desta instituição».
«Arriscamo-nos a ter professores mais ocupados com a implementação das novas regras do que com a preparação das aulas e mais absorvidos com o futuro das suas carreiras do que com o futuro dos seus alunos», acrescentaram.Reunir associaçõesno próximo dia 22
No documento lido na conferência de imprensa, realizada, ontem, numa sala do estabelecimento de ensino, Isabel Caldeira Aidos interrogou o porquê de, no passado, as aposentações acontecerem «espaçadamente e de forma gradual», enquanto, hoje em dia, «antecipam-se e acumulam-se». «No passado, as substituições de professores podiam ser solicitadas semanalmente; hoje, só podem ser pedidas por ciclos abertos quinzenalmente, o que atrasa visivelmente o processo e prejudica os alunos», exprimiram.Apesar de se dizerem «convictos de que certas mudanças eram necessárias, nomeadamente um processo de avaliação de desempenho dos professores», a APEE considera que «a perturbação causada por este modelo de avaliação no funcionamento normal da escola prejudica o fundamental que é ensinar e aprender». Por ter recebido «sinais de que a situação pode agravar-se», a APEE decidiu que tinha de se «fazer ouvir», dando conta que «os alunos desta escola, principalmente os de anos mais avançados, preocupam-se».
Isabel Caldeira Aidos revelou a intenção da APEE da Escola Infanta D. Maria promover uma reunião, no próximo dia 22, com as associações de pais de outras escolas de Coimbra e da região, para, depois, pedir uma audiência à ministra da Educação. «Cremos que há muitos problemas reais que ela não se está a aperceber, porque não tem informação clara sobre eles», acrescentou, anunciando, por exemplo, «o apoio das APEE da Escola Martim de Freitas e da Escola Avelar Brotero».
Aliás, Isabel Salavessa, presidente da APEE da Escola Secundária Avelar Brotero, marcou presença na conferência de imprensa, informando que «o Conselho Pedagógico decidiu suspender a avaliação dos professores, porque não tinha condições para avaliar os professores nos moldes em que estão definidos pelo Ministério da Educação». «Os pais e encarregados de educação, em geral, concordam com esta posição. Não está em causa a avaliação, mas os moldes em que está redigida», terminou.

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